O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou o marqueteiro Sidônio Palmeira para ajudar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a melhorar a imagem da pasta junto à população.
O diagnóstico do Palácio do Planalto é que a saúde tornou-se uma vulnerabilidade para o governo, no mesmo nível da segurança pública, diante do surto de dengue e do caos nos hospitais federais do Rio. Para interlocutores do presidente, melhorar a popularidade da ministra pode livrá-la da artilharia do Centrão.
Nesse freio de arrumação na pasta, que inclui mudanças na equipe, está no forno uma proposta de ajuste no repasse a Estados e municípios para o custeio de médicos especialistas.
A ideia é estabelecer em contrato a obrigação de governadores e prefeitos incluírem a logomarca do Ministério da Saúde quando divulgarem a iniciativa. Procurada, a pasta não comentou.
Sidônio Palmeira reuniu-se com Nísia na última quarta-feira (3). Chegou ao gabinete pouco antes das 16 horas, depois de conversar com o presidente Lula e com o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
De acordo com relatos, nada ficou decidido neste primeiro encontro e outros vão acontecer. Mas Sidônio reforçou à ministra sua tese de que a comunicação da pasta precisa mudar, chegar “na ponta”. Haverá, ainda, ajustes no discurso do ministério sobre o salto de casos de dengue, considerado errático pelo publicitário.
O Ministério da Saúde vem acumulando uma série de crises. Alvo de cobiça pelo volume de recursos que administra (um orçamento de cerca de R$ 220 bilhões apenas para este ano), o cargo de Nísia fez crescer os olhos do Centrão – sempre voraz, mas ainda mais em ano eleitoral – e de alas do próprio PT, partido do presidente Lula da Silva, especialmente do diretório do Rio, Estado de origem da ministra.
Influente nas nomeações para cargos de comando nas seis unidades, o partido fala agora em “avançar” politicamente sobre o ministério, que teria uma postura “antidemocrática, assediadora e sem debate ampliado”.
As palavras são da coordenadora do setorial de Saúde do PT do Rio, Fernanda Spitz, ligada ao deputado federal Dimas Gadelha, pré-candidato do partido à prefeitura de São Gonçalo. O texto foi enviado a um grupo da sigla no WhatsApp e convoca para a segunda-feira uma reunião focada em discutir a atuação partidária diante das novas insatisfações com Nísia.
“Depois de todo terror que vivemos, o MS (Ministério da Saúde) continua com postura antidemocrática”, afirma o comunicado, que foi endossado por outros integrantes do grupo.
Na última quarta-feira, a ministra abriu um processo interno para exonerar dois diretores de hospitais federais indicados pelo partido: Jefferson Antunes, do Andaraí, e Pedro de Jesus, do Cardoso Fontes. Antunes substituiu Dimas Gadelha na Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo, reduto do deputado, quando ele deixou a pasta em 2018.