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Lula minimiza repressão em Cuba e ditadura na Nicarágua: “por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega, não?”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a violência policial acontece "no mundo inteiro". (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou, durante entrevista ao jornal “El País”, a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, com o tempo de poder da chanceler alemã, Angela Merkel, eleita pelo sistema democrático. Ainda durante a entrevista, Lula também comentou sobre as manifestações em Cuba, minimizando a violência policial no país.

“Sabe, eu não posso ficar torcendo… por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega, não? Por que [o ex-presidente da Espanha] Felipe González, aqui, pôde ficar 14 anos? Qual é a lógica?”, afirmou.

Uma das jornalistas que conduzia a entrevista rebateu Lula e afirmou que Merkel não prendeu seus opositores.

“Eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram [na Nicarágua] para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado”, respondeu Lula.

A reeleição de Daniel Ortega na Nicarágua, rejeitada pelos governos das principais democracias ocidentais, foi celebrada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que, em nota, classificou o pleito como “uma grande manifestação popular e democrática”. As eleições que deram vitória a Ortega, segundo os números oficiais com 75% dos votos, foram realizadas após uma série de prisões de opositores, incluindo dissidentes sandinistas e sete possíveis adversários na disputa, dentre eles sua principal oponente, Cristiana Chamorro.

“Os resultados preliminares, que apontam para a reeleição de Daniel Ortega e Rosario Murillo, da FSLN [Frente Sandinista de Libertação Nacional], confirmam o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”, diz a nota, publicada na noite de segunda-feira e assinada por Romenio Pereira, secretário de Relações Internacionais do partido. “Esta vitória será conquistada apesar das diversas tentativas de desestabilização do governo e do bloqueio internacional contra a Nicarágua e seu atual governo, uma situação que penaliza principalmente os mais pobres e necessitados.”

Repressão em Cuba

O ex-presidente também foi questionado a respeito da proibição de manifestações ocorridas em Cuba. Ao responder, Lula minimizou o fato e afirmou que a violência policial acontece “no mundo inteiro”.

“A polícia bate em muita gente, é violenta. É engraçado porque a gente reclama de uma decisão que evitou os protestos em Cuba, mas não reclama que os cubanos estavam preparados para dar a vacina e não tinham seringas, e os americanos não permitiam a entrada de seringas”, diz Lula, que posteriormente pondera: “Eu acho que as pessoas têm o direito de protestar, da mesma forma que no Brasil. Mas precisamos parar de condenar Cuba e condenar um pouco mais o bloqueio dos Estados Unidos”.

Ainda segundo o ex-presidente, “O problema da democracia em Cuba não será resolvido instigando os opositores a criar problemas para o governo. Será conquistada quando o bloqueio acabar”. As informações são do jornal O Globo.

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