O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (05), em entrevista ao SBT, que não tem medo de ser preso em consequência das investigações de pessoas próximas a ele em duas grandes operações em curso no País, a Lava-Jato e a Zelotes. “Não temo [ser preso]. Eu duvido que tenha alguém neste País – do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande – que diga que um dia teve alguma conversa ilícita comigo”, afirmou.
Em delação premiada na Lava-Jato, o lobista Fernando Soares disse ter feito um repasse de 2 milhões de reais a um amigo do petista, o pecuarista José Carlos Bumlai. Segundo o delator, Bumlai afirmou na ocasião que o dinheiro seria destinado a uma nora do ex-presidente. O empresário nega a versão do lobista.
Já a Operação Zelotes tem entre seus alvos um dos filhos do ex-presidente, Luis Cláudio, alvo de busca e apreensão em sua empresa. A Zelotes, que apura esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), prendeu o lobista Mauro Marcondes, sócio da Marcondes e Mautoni. E, em 2014, o escritório deste lobista contratou a empresa de Luis Cláudio por 2,4 milhões de reais.
Na entrevista, Lula sorriu quando o jornalista Kennedy Alencar fez perguntas sobre algumas dessas denúncias. O ex-presidente disse que o Brasil vive o que chamou de “república da suspeição”, em que pessoas são condenadas pela opinião pública sem necessidade de provas. Ele foi irônico ao ser questionado se, quando presidente, nunca fora alertado sobre a corrupção na Petrobras revelada pela Lava-Jato.
“Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado pela Polícia Federal, eu não fui alertado pelo Ministério Público e eu sou o presidente que mais visitou a Petrobras”, declarou. “Essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai.” (Folhapress)