Caiu Lupi, e não foi sem tempo. Com um pouco de má vontade, daria para dizer que saiu do lugar onde nunca deveria ter entrado. Afinal, já havia saído pela porta dos fundos do governo, em outro rolo parecido, quando era ministro do Trabalho de Dilma.
Lupi é de um tempo em que era aceitável que associações e entidades, como seus fins eram nobres e elevados, sobrevivessem de recursos públicos, livres que ficavam da tarefa incômoda de buscar os meios de financiamento de suas atividades.
É como eram os sindicatos, antes da extinção do famigerado imposto sindical. Só num país como o Brasil aquela prática nefanda seria tolerada durante décadas, sem que alguma autoridade de esquerda ou de direita tenha se ocupado de extirpá-la.
Nenhuma autoridade, à exceção de Michel Temer. De onde menos se esperava – uma vez que Temer era o estereótipo do político profissional –, veio a canetada que deu por finda o que era uma deformidade.
Não é atoa que o PT, as elites sindicais, as esquerdas têm verdadeira ojeriza a Temer. Ele ainda carrega a má (e imerecida) fama de ter feito uma reforma trabalhista para tungar direitos essenciais da classe trabalhadora.
É desse ambiente carregado de maus costumes que veio Carlos Lupi, o trabalhismo, o lulopetismo, este uma vertente mais moderna do velho sindicalismo. Esses atores acham legítima, em nome dos direitos dos trabalhadores, que fosse o poder público a financiar as atividades dos seus sindicatos.
O equilíbrio fiscal é visto como um mecanismo que retira recursos do trabalhador para repassá-los ao patronato, ao setor financeiro. É o discurso preferencial, senão único, no campo da esquerda. Mas não é assim: com as contas em desequilíbrio, o governo usa recursos do futuro para as obrigações de hoje, endividando o estado.
Assim, a dívida pública cresce, o estado é obrigado a tomar cada vez mais recursos no mercado, e pagar juros cada vez mais elevados. O trabalhismo, a esquerda, tem o entendimento obtuso de que os são os agentes do mercado que determinam, a seu critério, os juros altos, para ganharem mais.
Os trabalhistas, como Lupi, não raciocinam de que sem a dívida não haverá juros a pagar. Ou seja, o endividamento é a causa, os juros, a consequência.
Eles não consideram o ciclo inteiro da produção. Olham os ganhos do trabalhador de uma perspectiva única – ignoram ou “esquecem” que o emprego é um insumo da produção, e se ele for muito caro – por exemplo, com o custo dos direitos e das obrigações trabalhistas – o empregador faz as suas contas e cria só os postos de trabalho estritamente necessários, isso quando não sonega, o que é comum. Não é por maldade mas por instinto.
Mesmo com o emprego em franca expansão como está agora, trabalhistas e esquerdas, continuam fazendo duras críticas à reforma de Temer, que não fez outra coisa senão dar uma guaribada nas relações de trabalho, reduzindo um átimo dos custos do emprego.
Tais distorções permeiam a ação de gente como Lupi, Marinho, Lula, e são em grande parte responsáveis pelo estado de nossa economia, que quando tudo está bem anda de lado, não consegue superar as barreiras ao crescimento, as suas amarras históricas.
(titoguarniere@terra.com.br)