A ignorância não é exclusividade de uma nação. Há ignorantes em cada país e até em cada esquina, diriam os pessimistas. Porém, com mais propriedade, dado que a burrice é mais fácil de ser compreendida quando exercida na mesma língua, na mesma cultura, falemos sobre os nossos. O pior do Brasil no Mundial até agora não é o empate contra a Suíça ou o cabelo do Neymar. Evidente que não são todos, mas quem mais decepcionou foi o torcedor chato e mal educado brasileiro, simbolizado com maestria pelo grupo que assediou uma russa, aproveitando o desconhecimento dela do português, para cantar, de forma infantil, algo relacionado à cor (!) do órgão sexual da moça.
O perfil é bem parecido com um tipo específico de turista brasileiro que se vê algumas vezes no exterior: o que acha que pode tudo na porque está pagando, o que critica a cultura alheia porque não é como a sua, o que não aprende palavras simples como “por favor” e “obrigado” na língua onde está. É aquele que faz piada com torcedor de seleção árabe relacionando ao terrorismo, de time africano com pobreza, que acha que todo francês fede, que todo colega latino é “paraguaio”. Do mesmo jeito que acha, no Brasil, que nordestino é “Paraíba”. Não há fuso horário que corrija a ignorância.
“A desculpa, como sempre, “é que é só brincadeira”. Machismo/assédio não é brincadeira”, publicou o perfil Quebrando o Tabu. “Cadê os amigos ‘mas eu não sou machista’ falando desses homenzinhos de merda sacaneando a mina russa? Que nojo. É contra esse tipo de coisa que a gente espera que vocês se coloquem, sabe? É o mínimo. Dar risadinha é compactuar”, postou a escritora Clara Averbuck.