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Macacos atrasam plano de expansão da internet na Índia

Animais comem fibras ópticas e atrapalham projeto de 18 bilhões de dólares do governo para universalizar banda larga. (Crédito: Reprodução)

A Índia lançou um plano de 18 bilhões de dólares para levar a revolução da informação às províncias do país, mas os problemas que os indianos enfrentam vêm todos do passado – escassez de eletricidade, cidades congestionadas e mal planejadas e macacos.

O confronto entre o velho e o novo mundos é muito perceptível em Varanasi, cidade sagrada superpovoada criada 3 mil anos atrás e lugar escolhido por muitos hinduístas devotos para morrer, por acreditar que isso lhes garante a salvação. Varanasi também é o lar de centenas de macacos que vivem nos templos da cidade e são temidos e venerados pelos fiéis.

Mas os macacos também devoram os cabos de fibra óptica estendidos ao longo do rio Ganges. “Não podemos transferir os templos para fora daqui. Não podemos transferir coisa alguma daqui, o espaço está todo ocupado. Os macacos destroem os cabos, eles comem todos os cabos”, afirma A. P. Srivastava, engenheiro de comunicações.

Supervisor da expansão de novas conexões em Varanasi, Srivastava diz que sua equipe teve de substituir os cabos instalados à beira do rio menos de dois meses depois que a instalação foi concluída, porque os macacos os roeram.

Indignação.

A cidade de 2 milhões de habitantes sofre de superpopulação crônica, e instalar cabos subterrâneos está fora de questão. Expulsar os macacos ou prendê-los causaria indignação aos moradores e aos frequentadores dos templos. Varanasi é parte do distrito parlamentar representado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, líder nacionalista hinduísta que subiu ao poder em maio de 2014.

A escassez de energia complica ainda mais os esforços para estabelecer uma rede Wi-Fi pública; os cortes diários de energia podem durar horas durante o sufocante verão.

Cidades inteligentes.

O governo Modi prometeu instalar 700 mil quilômetros de cabos de banda larga para conectar os 250 mil aglomerados de aldeias indianas, em três anos; construir cem novas “cidades inteligentes” até 2020; e transferir mais serviços públicos como educação e saúde a plataformas eletrônicas, para melhorar o acesso e a prestação de contas.

Varanasi foi a primeira das 2,5 mil cidades que foram selecionadas para a instalação de redes Wi-Fi públicas.

Especialistas do setor preveem que a iniciativa de banda larga, acompanhada por uma disparada na venda de smartphones, significará que um terço dos indianos terá acesso à internet até 2017, ante os cerca de 20%, ou 250 milhões, com acesso hoje.

Companhias mundiais de tecnologia veem uma oportunidade no compromisso de Modi com um futuro digital e estão adaptando seus produtos aos climas e às ameaças externas da Índia. A provedora de equipamentos para redes Cisco trabalha com o governo indiano em Visakhapatnam, para transferir mais serviços de educação e de saúde para a mídia on-line e desenvolveu um roteador de Wi-Fi “rústico”, para sobreviver aos diversos climas da Índia e reduzir a necessidade de cabos que ficam à mercê dos elementos – e dos macacos. Segundo previsões da consultoria McKinsey, a expansão e barateamento da conexão à internet pode adicionar 1,6 pontos percentuais ao PIB (Produto Interno Bruto) indiano, algo em torno de 70 bilhões de dólares, em dois anos. (Folhapress)

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