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Maior apreensão de criptomoedas da história: saiba quem é Chen Zhi, o magnata cambojano acusado de comandar megafraude cibernética

Com apenas 37 anos, Chen Zhi tornou-se o principal alvo de uma das maiores operações internacionais contra crimes digitais. (Foto: Reprodução)

Com apenas 37 anos, o chinês naturalizado cambojano Chen Zhi tornou-se o principal alvo de uma das maiores operações internacionais contra crimes digitais. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos o acusa de liderar um complexo esquema de fraudes online e tráfico humano que teria movimentado bilhões em criptomoedas, enquanto o Departamento do Tesouro americano apreendeu US$ 14 bilhões (R$ 76 bilhões) em bitcoins ligados ao empresário – a maior apreensão de ativos digitais já registrada.

Descrito pela própria companhia como um “filantropo e empreendedor visionário”, Chen Zhi é o fundador do Prince Group, um conglomerado de negócios que domina setores como imóveis, bancos, cassinos, aviação e tecnologia no Camboja. Por trás da imagem de sucesso, porém, investigadores afirmam existir uma estrutura criminosa que explorava trabalhadores em condições análogas à escravidão e aplicava golpes digitais em escala global.

Segundo a BBC, nascido na província chinesa de Fujian, Chen Zhi começou em uma pequena empresa de jogos online antes de se mudar para o Camboja, no início da década de 2010. Aproveitando o boom imobiliário impulsionado por investidores chineses, construiu rapidamente fortuna e conexões políticas. Em 2015, fundou o Prince Group; três anos depois, criou o Prince Bank e obteve cidadanias de Chipre e Vanuatu, além de uma rede de empresas em Londres, Nova York e Singapura.

Em pouco tempo, recebeu o título honorífico de “Neak Oknha”, concedido pelo rei cambojano mediante doação milionária, e tornou-se conselheiro do ministro do Interior e do então primeiro-ministro Hun Sen, um dos homens mais poderosos do país. Era também celebrado pela imprensa local como filantropo, doando para causas sociais e durante a pandemia de Covid-19.

Por trás da fachada empresarial, autoridades americanas e britânicas descrevem o Prince Group como uma organização criminosa transnacional. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o grupo lucrou com fraudes cibernéticas, lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas, extorsão e jogos de azar ilegais.

As investigações apontam que Chen Zhi utilizava complexas redes de empresas de fachada e carteiras digitais para movimentar o dinheiro ilícito. Parte das operações funcionava em complexos industriais no Camboja, como o Golden Fortune Science and Technology Park, onde trabalhadores estrangeiros eram forçados a aplicar golpes online sob vigilância armada.

“É a escala que impressiona. Ele construiu uma presença global enquanto administrava uma rede de crimes”, disse o jornalista Jack Adamovic Davies, que investigou Chen Zhi por três anos, segundo o jornal inglês BBC.

Após anos de expansão, o império de Chen Zhi começou a ruir com a proibição dos cassinos online em 2019, que derrubou o setor imobiliário em Sihanoukville, cidade onde o grupo tinha forte presença. Mesmo assim, o empresário continuou adquirindo mansões em Londres, jatos particulares, obras de arte e propriedades em Nova York, segundo autoridades.

Agora, Chen Zhi e 17 outros associados enfrentam sanções dos EUA e do Reino Unido. Seus ativos foram congelados, e 128 empresas ligadas ao grupo estão sob investigação por participação em esquemas de fraude digital e lavagem de dinheiro.

As autoridades descrevem o caso como “uma ladainha de crimes transnacionais”. A magnitude da operação e a soma bilionária apreendida colocam Chen Zhi no centro da maior investigação sobre fraudes e exploração humana já conduzida no Sudeste Asiático. As informações são do jornal O Globo.

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