Uma pesquisa com 800 brasileiros, sendo 544 mulheres, apontou que quase 60% delas estão trabalhando em casa durante a pandemia enquanto cuidam dos filhos. Mas apenas 40% dessas mulheres revelaram ter flexibilidade de horário para adaptar seu expediente à rotina na pandemia. Um terço das profissionais entrevistadas, sendo que todas são mães, não conseguem usufruir da flexibilidade devido ao cargo que ocupam ou atividade que realizam e 35% trabalham em empresas que não oferecem alternativas flexíveis.
A pesquisa foi realizada um ano após o começo da pandemia, em março de 2021, pela Ticket, marca de benefícios de alimentação e refeição da Edenred, e ouviu profissionais de empresas clientes. “A pandemia quebrou alguns paradigmas com relação a modelos mais flexíveis, de local ou horário, mas a pesquisa indica que muitas mulheres não têm acesso ou oportunidade a isso, diz José Ricardo Amaro, Diretor de RH da Ticket.
Diante desse cenário, que se prolonga com a extensão da pandemia, as mulheres apontam suas principais dificuldades. Preparo e consumo das refeições em horários corretos é o que mais pesa para 20,5% delas, ajudar os filhos nas tarefas on-line da escola para 17% e fazer com que os filhos entendam que elas estão trabalhando de casa para 15%. Cerca de 13% mencionaram a falta de tempo para realizar atividades físicas; uma parcela de 10% disse não ter tempo de lazer com os filhos e 10% não conseguem um período de lazer para si mesmas ou com o companheiro.
Fazendo o que podem, 30% das mulheres entrevistadas afirmaram que o nível de ruído no home office aumentou e a concentração foi prejudicada – 19% se sentem mais distraídas por conta da quantidade de mensagens, e-mails e reuniões on-line. Em relação ao desempenho profissional durante a pandemia, 45% afirmaram que ele aumentou, enquanto 34% disseram que não houve mudanças. Outras 11% afirmaram que houve uma queda na performance e já foram, inclusive, sinalizadas pelo gestor. Dez por cento também sentiram um declínio, mas não foram notificadas pelo líder.
Nesse contexto, independentemente de uma política de flexibilidade ou de acolhimento à mãe, Amaro diz que os gestores diretos precisam estreitar elos de confiança, ouvir as demandas de cada colaboradora da equipe e entender necessidade individuais. “O que gestores devem desenvolver a partir de agora é estilo de liderança mais pautado em entrega de resultados, confiança e reciprocidade. Mas também a prática de entender que cada um tem uma realidade. Procure ouvir quem tem filhos, precisa cuidar de familiares, quais são os melhores horários para a refeição de cada um. É preciso sensibilidade”, diz Amaro. Mais de 90% das mulheres entrevistadas afirmaram que o home office permitiu uma maior aproximação com seus filhos. As informações são do jornal Valor Econômico.