Dezenas de motos ficaram aglomeradas na Ponte da Amizade entre Foz do Iguaçu, no Paraná, e Cidade do Leste, no Paraguai, em blitz realizada pela Receita Federal nesta semana. De acordo com o fisco, mais de cem agentes da Receita e de outros órgãos de fiscalização participaram da ação.
O trabalho faz parte de uma operação da Interpol para coibir o tráfico de armas e outros produtos ilegais. Em imagens divulgadas pela Receita é possível ter uma noção da quantidade de veículos fiscalizados:
A Receita calcula que, por dia, passam pela aduana da Ponte Internacional da Amizade uma média de 20 mil motocicletas, 42 mil veículos e 83 mil pessoas. A fiscalização vai até abril.
Somente nessa sexta, cinco motos foram apreendidas. A fiscalização reúne Brasil, Paraguai e mais 14 países.
Além dos servidores, a ação contou com três cães farejadores, um helicóptero, drones, câmeras de alta precisão e serviço de inteligência das instituições envolvidas para seleção de alvos.
Traficante do Pará
Investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Pará mostraram que, além do tráfico de drogas, a quadrilha de Leonardo Costa Araújo, o Léo 41, se especializou em um outro tipo de crime na região em que ele e seu bando atuavam: sequestros-relâmpago com extorsão via Pix.
Era assim que o traficante, um dos mais procurados do país, bancava seus luxos com joias, carros, motoaquáticas e muito dinheiro.
Além do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo – onde foi morto após uma operação policial nessa semana –, Léo 41 expandiu seus negócios no tráfico para o Município de Itaboraí.
Ali também percebeu que em determinado trecho da BR-101, que corta aquele município, os motoristas tinham que reduzir a velocidade para passar em dois pardais que ficam na altura de Duques. O local virou ponto estratégico para bandidos sequestrarem motoristas, roubarem seus carros e tirar tudo o que podiam deles mediante transferências via Pix, cartão de crédito ou DOC/TED.
Uma das vítimas, que foi alvo em abril de 2021, contou na 71ª DP, em Itaboraí, que após ter feito duas transferências de R$ 3,5 mil e R$ 1,5 mil por Pix, ouviu os bandidos dizerem que era para pegar o cartão de crédito e usar para comprar uísque. “Disseram que depois dava para vender”, relatou na delegacia.
Outro detalhe da tática da quadrilha era manter as vítimas por várias horas em seu poder para esperar que o horário com limite de operações do Pix mudasse e eles pudessem extorquir ainda mais das pessoas rendidas.
Uma resolução do Banco Central limita as transferências via Pix em R$ 1 mil das 20h às 6h, todos os dias. Assim, era comum para a vítima ficar até cinco horas em poder dos bandidos.