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Manifestante e policial morrem em protestos nos Estados Unidos contra morte de homem negro

Mulher repreende policial durante os protestos em Minneapolis. (Foto: Reprodução)

O Departamento de Defesa do governo americano ordenou neste sábado (30) a preparação de integrantes da Polícia Militar do Exército para serem enviados a Minneapolis, no estado de Minnesota, onde o governo local admitiu que perdeu o controle das manifestações que ocorrem há quatro dias contra a morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos sufocado por um policial na última segunda-feira.

De acordo com o The New York Times, a mobilização do Exército foi determinada pelo presidente Donald Trump, enquanto protestos contra a morte de Floyd se espalham pelo país. O Pentágono reconheceu, no entanto, que o governador do estado, Tim Walz, do Partido Democrata, rejeitou a intervenção dos militares, embora tenha mais cedo admitido fazê-lo. Em vez disso, Walz disse que ia mobilizar todo o efetivo da Guarda Nacional baseado em Minnesota, que chega a 13.200 homens.

Dois homens morreram nas manifestações da noite de sexta-feira contra o assassinato de Floyd. Em Detroit, no estado de Michigan, um manifestante de 19 anos foi atingido depois que uma pessoa passou atirando de dentro de um carro contra uma multidão que protestava no centro da cidade. Em Oakland, na Califórnia, um oficial do Serviço de Proteção Federal morreu depois de ser baleado durante as manifestações.

A morte do homem negro por um policial branco, que na sexta-feira foi preso e acusado de homicídio em terceiro grau — quando um indivíduo não tem a intenção de matar, mas age com grande indiferença à vida humana — gerou uma avalanche de protestos em vários estados dos EUA. Na capital, houve tensão entre manifestantes e agentes do Serviço Secreto em frente à Casa Branca, que chegou a ser trancada. Também houve protestos em Nova York, Dallas, Houston, Minneapolis, Las Vegas, Des Moines, Memphis e Portland, além de dezenas de outras cidades.

Em Minneapolis, onde ocorreu o crime, um toque de recolher das 20h às 6h decretado pelo prefeito entrou em vigor na noite de sexta-feira. Mas a medida não impediu que as manifestações ocorressem. A polícia lançou gás lacrimogêneo em centenas de manifestantes. A manifestação ocorreu ao redor de uma delegacia que havia sido queimada na noite anterior.

As principais autoridades de Minnesota reconheceram no início da manhã deste sábado que foram incapazes de controlar os protestos. O governador Tim Walz disse em uma entrevista coletiva que a polícia e os 500 soldados da Guarda Nacional enviados à cidade na quinta-feira foram “esmagados” pelos manifestantes. Ele anunciou a mobilização de todo o efetivo estadual da Guarda, não descartando pedir a intervenção do Exército.

Walz disse, sem dar detalhes, que parte dos saques e incêndios em Minneapolis estão sendo promovidos por supremacistas brancos e pessoas ligadas ao narcotráfico, que teriam vindo de fora do estado. Segundo o governador, 80% dos detidos nos protestos não são de Minnesota.

John Harrington, chefe do do Departamento de Segurança Pública de Minnesota, disse que a polícia estava se preparando para estar no centro de um “evento internacional” diante das novas manifestações convocadas para este sábado à tarde.

Em Houston, no Texas, centenas de pessoas se reuniram na noite de sexta-feira em um protesto organizado pelo movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) em frente à sede da prefeitura.

A multidão se espalhou pela rampa de entrada da rodovia Interstate 45, perto do centro, gritando “Não consigo respirar” e “Sem justiça, sem paz”. Quase 200 pessoas foram presas durante os protestos. A maioria será acusada de obstrução de vias, segundo um tuíte da polícia local. De acordo com as autoridades, quatro policiais sofreram ferimentos leves e oito veículos da polícia foram danificados.

Milhares de manifestantes invadiram o perímetro de segurança do Barclays Center em Nova York. A polícia fez dezenas de prisões no Brooklyn, carregando manifestantes algemados em ônibus da cidade alinhados na Atlantic Avenue..

Manifestantes em Los Angeles bloquearam a 110 Freeway, marchando pelo centro da cidade e ao redor do Staples Center. Imagens da televisão local mostraram policiais entraram em confronto com uma multidão depois que uma viatura foi atacada. Às 21h30, a polícia de Los Angeles havia declarado que todo o centro da cidade era uma assembleia ilegal e estava avisando os moradores para ficarem em casa.

Em Detroit, centenas de manifestantes aderiram à “marcha contra a brutalidade policial” no final da tarde de sexta-feira, em frente à sede do Departamento de Segurança Pública da cidade. Algumas pessoas carregavam cartazes que diziam “Acabem com a brutalidade policial” e “Não pararei de gritar até que todos possam respirar”.

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