Centenas de milhares de pessoas marcharam em Mianmar nessa quarta-feira (17), rejeitando a afirmação do Exército de que o público apoia a deposição da líder eleita, Aung San Suu Kyi, e prometendo que não recuarão da tentativa de derrubar o regime militar.
Oponentes do golpe militar de 1º de fevereiro não acreditam nas garantias, dadas pela junta em uma coletiva de imprensa na terça-feira (16), de que haverá uma eleição justa e que esta cederá o poder, apesar de a polícia ter apresentado uma acusação adicional contra Suu Kyi.
Suu Kyi, que venceu o Prêmio Nobel da Paz em 1991, está detida desde o golpe. Agora, ela enfrenta a acusação de violar a Lei de Gerenciamento de Desastres Naturais, além de acusações de importação ilegal de seis rádios walkie talkie. Sua próxima audiência está marcada para 1º de março.
“Amamos a democracia e odiamos a junta”, disse Sithu Maung, membro eleito do partido Liga Nacional pela Democracia (NLD), de Suu Kyi, a dezenas de milhares de pessoas em Sule Pagoda, local central de protestos de Yangon, a principal cidade do país. “Precisamos ser a última geração a passar por um golpe.”
O general de brigada Zaw Min Tun, porta-voz do conselho governista, disse na coletiva de imprensa de terça que 40 milhões dos 53 milhões de habitantes apoiam a ação dos militares.
Sithu Maung debochou, dizendo: “Estamos mostrando aqui que não estamos nestes 40 milhões”.
Resultado das eleições
O partido de Suu Kyi venceu com facilidade a eleição de 8 de novembro, como esperado, mas o Exército alega que houve fraude, diz que sua tomada de poder está alinhada com a Constituição e que continuará comprometido com a democracia.
Uma manifestante que se identificou como Khin se mostrou desdenhosa. “Eles disseram que houve fraude eleitoral, mas vejam as pessoas aqui.”
O golpe que abreviou a transição instável do país sul-asiático rumo à democracia motiva manifestações diárias desde 6 de fevereiro. A manobra também atraiu críticas do Ocidente, e a acusação adicional contra Suu Kyi provocou indignação dos Estados Unidos.
Embora a China tenha adotado uma postura mais branda, na terça-feira seu embaixador em Mianmar refutou as acusações de que seu país apoia o golpe. Apesar disso, manifestantes também se reuniram diante da embaixada chinesa.
Zaw Min Tun não deu um cronograma para a realização de uma eleição na coletiva de imprensa, mas disse que o Exército não ficará no poder por muito tempo.
