Uma manifestação foi realizada na tarde deste domingo (17) em frente ao supermercado Extra na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em protesto contra a morte de Pedro Henrique Gonzaga. O jovem, de 25 anos, morreu após ser agredido com um ‘mata-leão’ por um segurança do estabelecimento na quinta-feira (15).
Diversos movimentos sociais estiveram presentes no protesto, realizado no estacionamento do supermercado. Cartazes com dizeres como “Vidas negras importam” e “Minha cor não é um crime” foram colados na grade de proteção do local. O ator Aílton Graça também esteve no protesto e falou sobre a importância de protestar e pedir um “basta” e ser respeitado como cidadão.
Enquanto parte dos manifestantes realizava discursos em um carro de som, outra se postou na entrada do estacionamento para convencer clientes a desistirem de entrar no supermercado.
A PM (Polícia Militar) mandou equipes para acompanhar o ato e reforçar o policiamento no local. Apesar do grande número de pessoas, o trânsito na Avenida das Américas não foi interrompido até as 14h deste domingo. Alguns motoristas chegaram a recuar depois de saber que a morte de Pedro aconteceu na unidade da Barra da Tijuca da rede de supermercado. Cada carro que ia embora era comemorado pelo grupo.
Família em silêncio
O corpo de Pedro Henrique Gonzaga, de 25 anos, foi enterrado no sábado (16) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Muito abalada, a mãe dele não foi ao enterro e familiares que estiveram na cerimônia preferiram não conversar com a imprensa.
Parentes e pessoas próximas contaram que a vítima tinha um filho pequeno, de apenas oito meses.
Confusão antes do crime
Imagens de câmeras de segurança do supermercado mostram o início da confusão que terminou com a morte do rapaz. O vídeo mostra Pedro correndo em direção ao vigilante, que está parado junto a outro funcionário do supermercado próximo à entrada do estabelecimento. Eles parecem conversar por alguns instantes e uma mulher se aproxima. Em seguida, Pedro Henrique cai no chão.
O funcionário do estabelecimento e o segurança levantam o rapaz, mas a confusão continua e ele cai uma segunda vez. Em outro vídeo compartilhado em redes sociais é possível ver o jovem sendo imobilizado. Bombeiros ainda tentaram reanimar Pedro Henrique, mas o jovem não resistiu.
O segurança Davi Ricardo Moreira disse em depoimento à polícia que Pedro Henrique estava nervoso e ameaçava matar todos que estavam no local. Na declaração, o segurança alega que o rapaz falava repetidamente: “Vou matar! Vou matar!”.
O vigilante afirmou em depoimento não ter apertado Pedro pelo pescoço e disse que “permaneceu apenas com seu peso por cima da vítima”.
O segurança foi preso em flagrante, mas deixou a Delegacia de Homicídios na madrugada de sexta (15) após pagar fiança de R$ 10 mil, segundo a polícia. Davi Ricardo foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
“Tá sufocando ele”
Desesperada, a mãe de Pedro Henrique assistiu toda a cena que terminou com o filho morto. Ela contou que estava com uma amiga e o filho no caixa do supermercado quando o rapaz saiu de perto dela. Em seguida, a mãe contou ter visto o filho cair na porta do estabelecimento.
A mulher disse ter ido ao local para tentar levantá-lo e avisou que o Pedro Henrique estava sob efeito de drogas porque, segundo ela, era usuário. Naquele momento, afirma, começou uma briga com os seguranças.
Extra diz repudiar atos de violência
Em nota, a rede de supermercados Extra informou “que não aceita qualquer ato de violência, excessos e repudia toda forma de racismo”.
Também no texto diz que “não vai se eximir das responsabilidades diante ocorrido” e que tem “interesse em esclarecer a situação o mais rápido possível”. “Estamos colaborando com as autoridades fornecendo todas as informações disponíveis”, informa a nota.
O Extra também afirmou que “os seguranças envolvidos na morte do jovem foram imediatamente e definitivamente afastados” e “a companhia instaurou uma sindicância interna e acompanha junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes o andamento das investigações”.
“Nada justifica a perda de uma vida. A companhia se solidariza com os familiares de Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga nesse momento de dor e de tristeza”, diz a manifestação.
