Em depoimento à PF (Polícia Federal) em maio deste ano, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, negou ter participado de reuniões ou tomado conhecimento da existência do cartel de empreiteiras para fraudar licitações da Petrobras. Ao refutar que a empresa tenha efetuado pagamento de propina a dirigentes da estatal, Odebrecht disse que o grupo “nunca recebeu privilégios da administração pública direta e indireta, no que se incluem a Petrobras e suas subsidiárias”.
O presidente do segundo maior grupo privado do País está preso desde o dia 19 deste mês e o termo do depoimento foi anexado aos autos da última fase da Operação Lava-Jato.
Odebrecht depôs à PF, em Brasília, no curso de um inquérito que investiga uma suposta doação de 1 milhão de reais para a campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em 2010.
Foi o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, hoje um dos principais delatores da Lava-Jato, que afirmou que campanha da petista teria recebido a quantia da Odebrecht. O valor não foi declarado à Justiça Eleitoral.
À PF, o empresário distanciou-se de Costa: o presidente da empreiteira disse que a relação com Costa estava limitada ao Conselho de Administração da Braskem, na qual o então diretor de Abastecimento foi nomeado pela Petrobras (sócia da Odebrecht na Braskem).
Campanha eleitoral
Sobre o suposto repasse à Gleisi, Odebrecht afirmou que não se lembra de ter recebido o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, marido da petista, para pedir doação de campanha, contrariando a versão dada por Costa. Ele também declarou que não mantinha qualquer relação pessoal com Gleisi e que não se encontrou com ela para discutir repasses de campanha.
Segundo o empresário, empresas do grupo não fizeram doações à paranaense na campanha de 2010, mas ao diretório nacional do PT. O executivo disse que a instância partidária poderia ter feito repasse à candidata.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou na terça-feira a nota de crédito em escala global da Odebrecht Engenharia e Contrução de “BBB” para “BBB-”. A perspectiva foi mantida em negativa.
Em comunicado, a S&P disse que o rebaixamento reflete a exposição da empresa a maior risco de reputação após a prisão de cinco de seus executivos, incluindo o seu presidente. Agora, a Odebrecht se encontra na escala de classificação no limite do grau de investimento – patamar considerado uma espécie de selo de bom pagador. Paralelamente, a S&P reafirmou os ratings em escala nacional em “brAAA” no longo prazo e “brA-1+” no curto prazo, revisando a perspectiva dessas notas de estável para negativa. (AG)