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Marinha do Brasil recebe o primeiro de quatro novos submarinos

O Riachuelo, tecnicamente chamado de S-BR1, contam os militares, será o sétimo navio da Marinha a receber este mesmo nome. (Foto: Divulgação)

A Marinha do Brasil apresentou e incorporou à esquadra, na manhã de quinta-feira (1°), na Base de Submarinos da Ilha da Madeira, no Complexo Naval de Itaguaí (RJ), o primeiro dos quatro submarinos convencionais previstos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que recebe o nome de Riachuelo, e opera com propulsão diesel-elétrica. O Prosub prevê ainda a construção de um submarino com propulsão nuclear. O novo navio já está previsto para integrar a Parada Naval de 7 de setembro, que parte do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e vai até o Leme, na Zona Sul.

A entrega do equipamento à operação acontece cerca de 5 anos após o prazo previsto em cronograma, atraso que também interfere no recebimento dos demais submarinos. No evento de incorporação do Riachuelo à Marinha, também foi apresentado o segundo navio submerso da série, batizado de Humaitá, que está em fase final de testes antes de também ser incorporado à esquadra.

Na solenidade, estiveram presentes o ministro da Defesa, o general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, além do ministro de Ciência e Tecnologia, Paulo César Alvim.

Em entrevista à imprensa ao fim da cerimônia, o almirante Garnier comentou o atraso na entrega do primeiro dos cinco submarinos. Ele atribui o problema, principalmente, aos impactos causados pela pandemia, além dos desafios logísticos no Complexo Naval de Itaguaí, em especial nos primeiros anos do programa ProSub. O orçamento para financiar um projeto como esse, no entanto, teria sido mais um dentre a lista de empecilhos, segundo interlocutores que participaram do processo.

Criado em 2008, ainda durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Prosub é fruto da parceria estabelecida entre o Brasil e a França e tem o propósito de ampliar a capacidade de proteção da chamada Amazônia Azul, área marítima com dimensões de 5,7 milhões de km2. Conforme explicou Almir Garnier, a parceria com os franceses foi construída em “um processo tal que a gente inicia com os submarinos convencionais e culmina com o submarino de propulsão nuclear”, utilizando transferência da tecnologia do país europeu.

Com a maior expectativa dos militares, no entanto, o submarino armado com propulsão nuclear (SCPN) é o que apresenta maior desafio tecnológico para o Brasil, já que a tecnologia nuclear não contará com a transferência francesa – ou seja, terá que ser desenvolvida integralmente no Brasil. Isso acontece porque esse tipo de tecnologia é “cheia de restrições”, em razão de tratados internacionais, como explicou Garnier, além de esbarrar também em “restrições orçamentárias, financeiras, porque todo mundo sabe que não é barato construir um equipamento com essa capacidade”.

“Quanto falta para isso, é dependente da nossa capacidade de dominar a tecnologia. Um projeto com tecnologia a ser desenvolvida é algo que a cada dia supera grandes desafios, não é como construir um prédio, que já tem tecnologia dominada. E também o quanto Estado brasileiro tem capacidade de investir ano a ano, em um processo de longo prazo como esse. Esperamos que ao longo da próxima década, o mais cedo possível, tenhamos esse submarino como está hoje o Riachuelo, sendo transferido ao setor operativo da Marinha”, projetou o comandante da Força Naval.

Além dos cinco submarinos (incluindo o nuclear), o Prosub prevê, também, a construção de infraestrutura necessária para a operação e manutenção dos navios, composta por uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), um Estaleiro de Construção (ESC) e outro de Manutenção (ESM), uma Base Naval, um elevador de navios e oficinas equipadas no estado da arte.

Conheça o Riachuelo

O Riachuelo, tecnicamente chamado de S-BR1, contam os militares, será o sétimo navio da Marinha a receber este mesmo nome, em homenagem à Batalha Naval do Riachuelo, de 11 de junho de 1865, durante a Guerra da Tríplice Aliança.

O S-BR1 Riachuelo possui um comprimento total de 70,62 metros, diâmetro de casco de 6,2 metros, deslocamento na superfície de 1.740 toneladas e deslocamento em imersão de 1.900 toneladas. Seu sistema de combate é dotado de seis tubos lançadores de armas, com capacidade para lançamento de torpedos eletroacústicos pesados, mísseis táticos do tipo submarino-superfície e minas de fundo. Ele fará parte da operação de defesa dos 8,5 mil quilômetros de costa marítima brasileira.

Os submarinos S-BR, informou a Marinha, são derivados da classe Scorpène francesa e fazem parte de um projeto original da empresa Naval Group, modificado por engenheiros brasileiros. São fabricados no parque industrial do Complexo Naval de Itaguaí pela Itaguaí Construções Navais (ICN). As informações são do jornal O Globo.

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