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Medicamentos da Pfizer e da Merck contra desdobramentos graves da covid estão disponíveis em suprimentos escassos para uso no Brasil

O medicamento oral da Pfizer contra Covid, Paxlovid. (Foto: Pfizer)

Aventadas como uma mudança de paradigma para a pandemia da covid-19, as pílulas antivirais que impedem a piora da infecção pelo coronavírus finalmente chegaram ao Brasil. A aterrissagem, contudo, se deu em posição bem mais discreta do que se imaginava meses atrás. Isso porque antes de entrarem no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas farmácias – no caso do Paxlovid, a pílula da Pfizer que já chegou aos dois canais – esses medicamentos passaram por entraves regulatórios que se estenderam meses a fio, deixando o Brasil por último na fila de recebimento de doses.

Para se ter uma ideia do tempo que levaram as negociações, a pílula da Pfizer foi autorizada emergencialmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2022 e a da MSD recebeu o mesmo aval em maio.

As primeiras unidades do remédio da Pfizer chegaram ao Brasil, discretamente, em setembro do ano passado. Trata-se de um lote de 50 mil tratamentos encomendados pelo Ministério da Saúde para suprir a demanda de todo o país. Para se ter uma ideia do volume diminuto de pílulas, o Estado de São Paulo recebeu menos de 10 mil ciclos para distribuir entre seus 645 municípios. Outros 50 mil tratamentos devem chegar ao país ainda neste mês, de acordo com a própria Pfizer e o Ministério da Saúde. A título de comparação, só em 2022, os Estados Unidos – expoentes no uso do medicamento – encomendaram 20 milhões de tratamentos. Apesar do volume controlado de doses, por enquanto, a farmacêutica explicou que não há qualquer tipo de restrição na cadeia de fornecimento do fármaco e que as pílulas, inclusive, poderão ser compradas em farmácias.

“O Paxlovid já está disponível em algumas das grandes redes de farmácia do Brasil. É importante destacar, contudo, que o medicamento é de uso individual e exclusivo de paciente submetido à avaliação médica e só poderá ser adquirido mediante prescrição”, diz Lucila Mouro, líder da área de Covid-19 na farmacêutica. “Não existe uma limitação de suprimento para o mercado brasileiro e a Pfizer disponibilizará o produto com base na demanda no país, temos capacidade de produção suficiente para suprir o quantitativo que atenda às necessidades brasileiras”.

O outro antiviral também liberado no Brasil é o da MSD (internacionalmente conhecida como Merck). Até agora, a pílula não chegou ao paciente brasileiro, mas após uma série de entraves logísticos deve, ainda neste mês, chegar às farmácias do país em um reparte reduzido e inicial de mil tratamentos, que já estão no Brasil.

“As doses estão no nosso canal de logística. Trabalhamos neste momento para solucionar algumas das solicitações da Anvisa. Temos, por exemplo, que disponibilizar termos de consentimento e mais a bula em nossos canais online e a partir de então teremos pacientes utilizando o medicamento no Brasil”, diz Mario Ferrari, executivo da MSD. “Há interesse de grandes hospitais e importantes redes de farmácia em ter o produto.”

Aprovado para uso no Brasil há oito meses, o antiviral da MSD contra a covid-19 – chamado de Monulpiravir, com nome comercial de Lagevrio – não recebeu aval positivo da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), o que o impediu de adentrar no sistema público de saúde brasileiro. A recusa do SUS também embarreirou uma negociação que estava em andamento com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cuja função era garantir a produção do fármaco em solo nacional. A empresa tentará reverter a decisão à luz de novos estudos que podem ratificar a eficiência e benefício de uso do medicamento.

Globalmente as duas pílulas são majoritariamente indicadas aos pacientes com algum indicativo de que a doença poderá ter uma progressão para casos graves e devem ser tomadas no início da infecção – o que, inclusive, dificulta a prescrição em alguns casos, já pontuaram autoridades de saúde internacionais.

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