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Médicos condenam decisão de liberar pílulas milagrosas contra o câncer

Fármaco ainda é testado na USP, não foi usado em humanos e não tem liberação da Anvisa. Foto: Reprodução

A Justiça agiu de forma irresponsável ao liberar para o público uma substância divulgada nas redes sociais como um poderoso medicamento contra o câncer, mesmo sem nunca ter sido testado em humanos. A crítica parte de cientistas da área da saúde contrários a uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizando uma idosa de 68 anos, em fase terminal, a obter cápsulas de fosfoetanolamina, droga cujo potencial de combate a células cancerosas ainda é pesquisado pela USP (Universidade de São Paulo).

O deferimento do recurso, assinado pelo ministro Edson Fachin, levou o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) a determinar que a USP distribuísse a substância a centenas de pacientes que vinham acionando à Justiça para ter acesso ao fármaco.

Desde a terça-feira, filas se formaram na porta do Instituto de Química da USP, no campus de São Carlos. Pessoas compartilharam informações sobre a droga como se fosse milagrosa na internet. Mas a própria unidade de ensino superior divulgou um comunicado, esclarecendo que a fosfoetanolamina não é remédio e que não há comprovação de suas propriedades anticancerígenas.

O advogado Dennis Cincinatus disse que se sua mãe não estivesse nessa situação, não apelaria para o tratamento. “Nosso médico explicou que não há comprovação, mas nos deixou à vontade para usar”, relatou. Cincinatus obteve liminar no STF na quinta-feira. A mãe do advogado tem câncer de pâncreas e de fígado. Para ele, as cápsulas são a última alternativa. (AG)

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