Ícone do site Jornal O Sul

Médicos e cientistas destacam a segurança da CoronaVac e pedem o início imediato da vacinação no Brasil

Resultado global de eficácia, de 50,4%, foi apresentado pelo Instituto Butantan. (Foto: Divulgação)

Alguns dos principais nomes das áreas médica e científica do País, que haviam alertado para a falta de dados detalhados da CoronaVac, foram convidados a participaram da coletiva de imprensa no Instituto Butantan, nesta terça-feira (12), dia em que foram apresentados os dados globais de eficácia de 50,4% do imunizante. Após serem informados sobre o dado, defenderam o início da vacinação assim que houver aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Cerca de 10 nomes de peso estiveram presentes no Instituto Butantan para destacar a segurança do imunizante.

Além de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, e do secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, também estavam presentes o médico e coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, o professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da USP, Esper Kallas, Sérgio Cimerman e Rosana Richtmann, infectologistas do Instituto Emílio Ribas, e Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Se juntaram a eles nomes como Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Renato Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Alex Precioso, diretor do Centro de Segurança Clínica e Gestão de Risco do Butantan, e Ricardo Palácios, diretor médico de Pesquisa Clínica do Butantan.

Por mais de uma hora e meia, os especialistas defenderam os estudos da CoronaVac. Para a cientista Natalia Pasternak, o estudo do Butantan se mostrou “limpo e claro”. No entanto, destacou, como todo estudo clínico o resultado tem “sucessos e limitações”.

“Nós temos uma boa vacina. Não é a melhor vacina do mundo, não é a vacina ideal, é uma boa vacina que tem a sua eficácia dentro dos limites do aceitável pela comunidade científica e da Organização Mundial de Saúde. É uma vacina que foi testada dentro de um rigor de testes clínicos, em um estudo que teve seu protocolo pré-publicado, com desfechos primários e secundários pré-publicados, ou seja, é um estudo limpo, claro, e que agora traz os resultados exatamente do que se propôs a fazer”, salientou.

Natália destacou que o que faz uma vacina ser boa é a sua capacidade de vacinação em determinado País:

“Os resultados não são exatamente o que a gente esperava, porque queriam uma vacina de eficácia de 90%, mas eles são de uma vacina perfeitamente aceitável. Eu quero essa vacina, eu quero que os meus pais tomem essa vacina. Ela é possível e adequada para o Brasil, compatível com a nossa capacidade de produção local, de armazenamento e cadeia de distribuição. Uma vacina só é boa quando tem capacidade de ter uma cobertura vacinal mais completa”, disse. “Nós temos uma vacina que é potencialmente capaz de prevenir doença grave e morte. E afinal das contas era tudo isso que a gente queria desde o começo. A gente nunca falou que queria uma vacina perfeita. Queríamos uma vacina que nos permitisse sair desse potencial pandêmico, e isso a CoronaVac tem potencial de fazer”, completou.

Segundo Marco Aurélio Safadi, os dados do apresentados pelo Butantan sobre a CoronaVac são “absolutamente similares” às vacinas já existentes no Brasil hoje.

“A vacina de rotavírus tinha eficácia de 80% para mortes e hospitalizações, e de 40 a 50% para prevenir diarreia. A da coqueluche, utilizada há décadas, também é muito similar, previne com muita eficiência formas graves da doença. A própria vacina da gripe, que apresenta eficácia menor do que essa (da covid-19), também propiciou impactos substâncias “, alertou o especialista.

Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), comemorou os resultados da Sinovac e de outras vacinas contra a covid-19, desenvolvidos em tão pouco tempo.

“Feliz por receber os resultados, que mais uma vez mostram a vitória da ciência. Nem o mais otimista pesquisador e cientista imaginava que em menos de um ano da descoberta dos primeiros casos de coronavírus nós teríamos cinco vacinas sendo licenciadas em um curto espaço de tempo.

No entanto, ressaltou, com os resultados em mãos fica o desafio dos governos de criar campanhas para que a população possa aderir a uma vacinação em massa:

“Começa de um jeito muito bom para nós, brasileiros, porque são instituições públicas que vão carregar o programa de vacinação. BioManguinhos, com a vacina de Oxford, e o Butantan, com a CoronaVac, serão os responsáveis por tirar o Brasil dessa situação de pandemia. É nessas horas que a gente reconhece o valor da ciência e de institutos de pesquisa como o Butantan. É o momento da gente reconhecer e apelar para que os investimentos continuem. Vamos em frente, agora é vacina”, concluiu Kfouri.

Sair da versão mobile