Os números da prévia da inflação divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE mostram que as mensalidades escolares tiveram, este ano, o menor reajuste desde 2012. O IPCA-15 de fevereiro é o índice que, segundo especialistas, mais capta o impacto das variações nas mensalidades de escolas e universidades.
No caso dos cursos regulares, a alta média foi de 5,24% este ano, contra 6,94% no ano passado. É a primeira vez que os reajustes ficaram abaixo de 6% desde 2012.
Na educação infantil, a alta foi um pouco maior: 7,3%. Mas, ainda assim, é o menor patamar dos últimos sete anos. O Ensino Fundamental teve reajuste médio de 6,89% e o Ensino Médio, de 6,77%.
Maria Andréia Parente, economista do IPEA, explica que a desaceleração dos preços da educação refletem uma inflação média geral mais baixa, pressionando menos os custos com salário dos professores, e famílias ainda bastante endividadas: “Ainda tem uma certa recessão no ar e muitos pais têm tirados os filhos da escola particular para matricular na pública ou em uma mais barata. Isso levou a uma guerra de preços entre as escolas, o que baixou a inflação de um setor que vinha de altas crescentes”.
Os preços da Educação foram puxados para baixo pelo Ensino Superior. Com a crise, muitas faculdades perderam alunos. O reajuste neste segmento foi, em média, de 3,67% – bem inferior aos 6,33% registrados no ano passado.
– A educação superior é uma variável de mais fácil corte. Os pais não vão tirar o filho do ensino básico, mas a educação superior, quando paga, ele tranca, ou com o orçamento apertado se adia a entrada e, quando a economia melhora, se retoma a graduação. Imagino que tenha ocorrido uma grande evasão escolar de alunos das faculdades nos anos de crise – observa a economista do Ipea.
Os dados do mais recente do Censo da Educação Superior, referentes a 2016, comprovam a análise de Maria Andréia. Depois de oito anos de crescimento no número de matrículas, em 2016, o ensino superior privado ficou praticamente estável em termos de alunos, com o número de matrículas caindo de 6,075 milhões em 2015 para 6,058 milhões em 2016 (-0,2%). Na contramão, o número de matrículas na rede pública foi 1,9% maior nesse mesmo período.
Preço do material escolar
Os preços médios do material e transporte escolar subiram abaixo da inflação entre fevereiro do ano passado e janeiro deste ano, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
O custo médio subiu 1,60%, bem abaixo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), calculado pelo FGV IBRE, que foi de 3,05% no mesmo período.
Os livros não didáticos ficaram mais baratos, com queda de 1,65%, enquanto os livros de literatura tiveram uma queda de 0,07% nos preços. Já o material escolar, cesta com itens como caderno, borracha, apontador, lápis e caneta, subiu 2,01% no período. O transporte escolar descolou das demais categorias ao registrar aumento de 6,02%.