Nessa sexta-feira (7), o Instituto Gerp divulgou sua 10ª pesquisa nacional sobre as Eleições Presidenciais de 2026, revelando um cenário de forte polarização, mas também de rearranjos significativos dentro do campo conservador.
O levantamento, realizado entre os dias 1º e 5 de novembro de 2025, mostra que Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Luiz Inácio Lula da Silva aparecem em situação de empate técnico em simulações de segundo turno.
Os resultados reforçam a disputa acirrada entre o campo progressista e as diferentes vertentes do conservadorismo, que agora se fragmenta entre lideranças ligadas ao ex-presidente Bolsonaro e novas figuras políticas de peso.
A pesquisa aponta uma margem de erro de 2,24 pontos percentuais, para mais ou para menos, e um nível de confiança de 95,55%. Esses números consolidam a tendência de polarização que tem marcado o cenário político nacional desde 2018, mas indicam que a eleição de 2026 pode ter desdobramentos inéditos dentro da direita brasileira.
Campo conservador
Os principais destaques desta rodada vêm da direita, que mostra sinais claros de renovação de liderança. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, surgem como herdeiros naturais do apoiadores do Bolsonaro, com perfis distintos e complementares.
Michelle alcança 30% das intenções de voto no primeiro turno e empata tecnicamente com Lula no segundo turno, por 47% a 44%. Tarcísio registra 21% contra Lula (33%) no primeiro turno e também empata no segundo, com 44% a 43%. Já Bolsonaro mantém o maior índice de lembrança e preferência, reforçando sua posição como epicentro simbólico da direita.
– Nos cenários de segundo turno, o equilíbrio persiste:
• Bolsonaro x Lula: 47% a 42%
• Michelle x Lula: 47% a 44%
• Tarcísio x Lula: 44% a 43%
Em todos os casos, o campo conservador aparece numericamente à frente, enquanto o petismo mantém base sólida – especialmente no Nordeste e entre eleitores de baixa renda.
Forças e perfis distintos
Os dados mostram Tarcísio consolidado como o nome da gestão técnica e eficiência administrativa, com maior apelo junto à classe média e eleitores urbanos, enquanto Michelle representa o elo emocional e religioso do apoiadores do Bolsonaro, com forte apoio entre mulheres e evangélicos.
“Bolsonaro continua sendo o epicentro simbólico da política brasileira, mas o campo da direita já reconhece alternativas consistentes. Tarcísio e Michelle dividem o mesmo eleitorado, mas com linguagens distintas – ele, a da eficiência; ela, a da fé e da identificação popular”, analisa Gabriel Pazos, presidente do Instituto Gerp.
Bolsonaro
Mesmo fora do poder e sob restrições judiciais, Jair Bolsonaro segue como principal referência da direita e o único a vencer o Lula no segundo turno (47% a 42%). Entre seus apoiadores, 30% defendem que ele indique Michelle como candidata, 24% preferem Tarcísio, 7% citam Eduardo Bolsonaro e 4% Flávio Bolsonaro.
– Preferência dos eleitores apoiadores do Bolsonaro:
* Michelle Bolsonaro: 30%
* Tarcísio de Freitas: 24%
* Eduardo Bolsonaro: 7%
* Flávio Bolsonaro: 4%
* Nenhum deles: 25%
* Não sabe/Não respondeu: 9%
Os números reforçam que Bolsonaro mantém alto poder de transferência de voto e segue como figura central da direita, mesmo sem candidatura confirmada.
Cenário governista
No campo governista, a pesquisa mostra fragmentação e ausência de um sucessor natural. Caso Lula não dispute a reeleição, o eleitorado se divide entre Geraldo Alckmin (24%) e Fernando Haddad (23%), seguidos por Flávio Dino (9%) e Camilo Santana (5%).
* Geraldo Alckmin: 24%
* Fernando Haddad: 23%
* Flávio Dino: 9%
* Camilo Santana: 5%
* Nenhum deles: 26%
* Não sabe/Não respondeu: 12%
O resultado indica que o lulismo mantém base sólida, mas enfrenta dificuldades em transferir votos para outro nome sem o carisma pessoal do presidente.
Outros nomes
O governador Ratinho Jr. (PSD-PR) chega a 30% no Sul em cenários específicos, enquanto Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO) mantêm força em seus estados. Esses movimentos ampliam o leque de possibilidades para uma eventual recomposição do centro político.
Tarcísio
Apesar da competitividade nacional, a maioria dos eleitores (52%) prefere que Tarcísio permaneça à frente do governo de São Paulo, enquanto 20% gostaria que disputasse a Presidência. Outros 28% não souberam responder. “É um sinal de aprovação, não de rejeição. O público entende que ele ainda está consolidando sua liderança”, observa Gabriel Pazos.
Avaliação
A pesquisa também registrou melhora na avaliação do governo federal: a aprovação de Lula subiu de 38% para 42%, enquanto a desaprovação caiu de 53% para 49%. Outros 9% não souberam ou preferiram não opinar.
O avanço é mais forte entre mulheres, eleitores de baixa renda e nordestinos –principais bases do petismo. “Há sinais de recuperação da confiança, especialmente nas faixas populares e entre beneficiários de programas sociais”, analisa Pazos. (Com informações da Jovem Pan)
