Após a reunião do PL (Partido Liberal) que suspendeu o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou uma foto com o boneco do ex-presidente Jair Bolsonaro de papelão. No registro, ela posou ao lado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal André Fernandes (PL-CE) e do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Nesta semana, os aliados protagonizaram uma briga pública após Michelle discordar da aliança com Ciro, costurada por Fernandes e defendida pelos filhos de Bolsonaro.
“Com oração, conversa sincera e união, o Brasil tem solução”, escreveu Michelle, que também publicou uma foto somente ao lado de Fernandes. Após a reunião, o deputado afirmou que Bolsonaro “sempre soube” da articulação:
“Houve um ruído de comunicação. Vou continuar lutando para que o estado do Ceará se livre das garras do PT, para que acorde. Eu estou aqui para dizer que faremos essa composição em conjunto”, afirmou o parlamentar.
O boneco de Bolsonaro tem 1,85 m de altura, tamanho real do ex-presidente. Ele costuma ser usado em eventos do PL e passou a aparecer com mais frequência após Bolsonaro ser proibido de utilizar as redes sociais por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em julho deste ano.
A réplica de papelão chegou a ser compartilhada por outros membros do partido, como o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara. À época, o parlamentar publicou um vídeo e definiu o momento como censura: “tivemos que colocar aqui a sua réplica, porque ele não pode aparecer nas redes sociais. Essa é a censura mais vergonhosa que nós já vimos no Brasil”.
Entenda a briga na família
Michelle havia criticado, no domingo, a aproximação do PL com Ciro durante o evento de lançamento da candidatura do senador Eduardo Girão (PL) ao governo do Ceará. Há dois meses, Ciro rompeu com o PDT e se filiou ao PSDB. A articulação foi conduzida por André Fernandes, presidente estadual da sigla, que disse que a costura teve o aval do ex-presidente Bolsonaro. Em reunião realizada nesta terça-feira em Brasília, no entanto, ficou acordado que o partido irá procurar outro nome.
“É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como”, disse Michelle, no último domingo.
Um dia depois, a declaração rendeu críticas dos filhos do ex-presidente, que se encontra preso na Superintendência da Polícia Federal. A primeira das críticas partiu de Flávio, que chamou Michelle de “autoritária”:
“A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”, disse o senador ao portal Metrópoles.
Nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), também na segunda-feira, disse que a aproximação com Ciro foi feita com aval do ex-presidente. “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças”. O deputado federal Eduardo Bolsonaro repetiu os irmãos: “Meu irmão Flávio está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André”.
Na terça-feira, Flávio Bolsonaro foi à Superintendência da PF encontrar-se com o pai. No local, ele afirmou que “se resolveu” com Michelle, e ambos se desculparam. A ex-primeira-dama, apesar de também pedir perdão aos enteados, não recuou em relação às críticas sobre a aliança:
“Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos?”, afirmou Michelle. “Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressas meus pensamentos com liberdade e sinceridade”. As informações são do jornal O Globo.
