Ícone do site Jornal O Sul

Milhões de barris de petróleo estão parados na Venezuela após captura de navio pelos Estados Unidos

Um navio petroleiro Skipper, no norte de Guadalupe, no Caribe. (Foto: Divulgação)

As exportações de petróleo da Venezuela caíram de forma drástica desde que os Estados Unidos apreenderam um petroleiro e impuseram novas sanções a empresas de navegação e embarcações usadas em negócios com o país sul-americano, de acordo com análise da agência de notícias Reuters.

Apenas petroleiros fretados pela gigante americana Chevron navegaram em águas internacionais transportando petróleo bruto venezuelano desde a apreensão, anunciada na quarta-feira (10).

A Chevron possui autorização do governo americano para operar por meio de joint ventures no país comandado por Nicolás Maduro e também para exportar o petróleo aos EUA.

A Reuters analisou informações de navegação e documentos. Também conversou com autoridades marítimas. Navios que transportaram cerca de 11 milhões de barris de petróleo e combustível estão retidos em águas venezuelanas, de acordo com o levantamento.

Parte da carga está a bordo de petroleiros sancionados por Washington em medidas que visam atingir o Irã e a Rússia, países que os EUA monitoram como possíveis alvos de novas ações punitivas, segundo as autoridades.

Já o petroleiro capturado pelos EUA, o Skipper, transportava 2 milhões de barris de petróleo venezuelano destinados a Cuba como parte do apoio histórico do regime de Maduro à ilha, segundo reportagem do jornal The New York Times publicada no sábado (13).

Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, enviam há décadas petróleo a Cuba com preços subsidiados, fornecendo um recurso crucial a baixo custo para a ilha. Em troca, o regime cubano enviou ao longo dos anos dezenas de milhares de médicos, instrutores esportivos e, cada vez mais, profissionais de segurança em missões à Venezuela.

Parte do petróleo venezuelano destinado a Cuba é revendida à China, como uma forma de gerar recursos ao regime cubano. Ainda segundo o New York Times, o petroleiro apreendido integra uma rede que conecta Venezuela, Cuba, Irã e Rússia – antes, a embarcação foi usada para transportar petróleo iraniano por quatro anos.

O governo Trump afirmou que o navio era usado para transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã. “A apreensão desta embarcação destaca nossos esforços bem-sucedidos para impor custos aos governos desses países”, disse o diretor do FBI, Kash Patel, em comunicado na sexta (12).

Autoridades informaram à Reuters que os EUA estão se preparando para interceptar mais navios que transportam petróleo venezuelano.

A apreensão do Skipper foi feita justamente quando o mandado judicial estava prestes a expirar, de acordo com um documento divulgado na sexta.

O mandado, assinado pelo juiz federal Zia Faruqui em 26 de novembro, dava ao governo Trump até 10 de dezembro de 2025 para apreender a embarcação. Esta foi a primeira apreensão de uma carga de petróleo venezuelana no contexto das sanções americanas, em vigor desde 2019.

Apesar da divulgação do mandado, a declaração juramentada que o acompanha permanece com trechos censurados. Faruqui afirmou que outros documentos do caso permanecerão sob sigilo temporário.

A apreensão do navio na última semana, condenada pelo regime venezuelano, representou a mais recente escalada nas tensões entre Washington e Caracas.

Nos últimos meses, os EUA fizeram diversos ataques contra navios suspeitos de tráfico de drogas na região, em ações condenadas por parlamentares e especialistas jurídicos americanos.

O presidente Donald Trump tem reiteradamente mencionado a possibilidade de uma intervenção militar dos EUA na Venezuela, enquanto o regime de Nicolás Maduro continua a fortalecer suas forças militares.

Na sexta, o líder republicano voltou a afirmar que os EUA farão ataques em terra contra alvos relacionados ao tráfico de drogas. “Não são apenas ataques na Venezuela, são ataques a pessoas horríveis que estão trazendo drogas e matando o nosso povo”, disse ele. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal The New York Times.

Sair da versão mobile