Milton Ribeiro no Ministério da Educação é um “triunfo da confiança em Deus”, diz igreja
Fabricia Albuquerque
Prisão de Ribeiro foi determinada por causa de um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. (Foto: Reprodução/YouTube)
O Conselho da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração, da qual o pastor Milton Ribeiro, novo ministro da Educação, é reverendo, parabenizou nesse sábado (11) a escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a pasta.
Em boletim, o conselho da igreja, sediada em Santos (SP), afirmou que a nomeação do pastor para o Ministério da Educação (MEC) é “o triunfo da integridade, da sólida confiança em Deus e da convicção de que a família é projeto de Deus”.
“‘Um homem não pode receber coisa alguma, se do céu não lhe for dada’ (João 3, 27), declarou João Batista. É assim que recebemos a nomeação de nosso pastor: como obra de Deus e não de homem”, escreveu o conselho pastoral.
A Igreja Presbiteriana informou também que “o maior empreendimento” de Milton Ribeiro “tem sido a implantação de igrejas, quando na liderança”. O material foi divulgado em uma rede social.
“Sua melhor pregação é da espiritualidade vivida em família e em amor a cada ovelha de seu rebanho. Caracteristicamente alegre, animado e dado ao companheirismo. Do seu café no gabinete, são poucos os que não beberam”, prosseguiu.
Ribeiro foi escolhido na sexta-feira (10) para chefiar o Ministério da Educação. Por ter aceitado o convite, o pastor presbiteriano terá que abrir mão do mandato na Comissão de Ética da Presidência.
Dor
O novo ministro já defendeu que crianças devem “sentir dor” ao serem educadas. De acordo com Ribeiro, a “correção” não será obtida por “métodos suaves”, com a exceção de algumas crianças “superdotadas” que entenderiam o argumento dos pais.
“A correção é necessária pela cura. Não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves. Talvez aí uma porcentagem muito pequena de criança precoce, superdotada, é que vai entender o seu argumento. Deve haver rigor, desculpe. Severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim, deve sentir dor”, diz Ribeiro, em vídeo que circulava nas redes sociais.
De acordo com o UOL, o vídeo foi publicado originalmente em abril de 2016, com o título “A Vara da Disciplina”, mas foi apagado após a repercussão negativa, depois da nomeação de Ribeiro.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe a utilização de “castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto”. Essa proibição foi estabelecida em 2014, por uma lei apelidada de Lei da Palmada.
No mesmo vídeo, Ribeiro rebate críticas de que ele estaria sendo “antipedagógico” afirmando que esses problemas são causadas pela ausência dos pais das crianças. De acordo com ele, é o homem que “aponta o caminho que a família vai”.
“Pastor, o senhor está sendo muito antipedagógico. Eu amo as crianças da minha igreja. Mas por que isso aconteceu? Os homens não estavam lá. Eles estavam em outro lugar. Quando o pai é ausente dentro da casa, o inimigo ataca. Quando o pai não impõe… Impõe, essa é a palavra, me desculpe, é a palavra usada, (quando não impõe) a direção que a família vai tomar… Não é que ele é o mandatário, que sabe tudo, não. Mas ele, o pai, o homem dentro de uma casa, segundo a Bíblia, o cabeça do lar, ele que aponta o caminho que a família vai.”
Em 2013, Milton Ribeiro atribuiu a uma “paixão louca” a atitude de um homem de 33 anos que matou dentro de uma escola uma adolescente de 17 anos por querer namorá-la. Ribeiro levantou a hipótese de que a menina “pode ter dados sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo” ao reproduzir involuntariamente um comportamento sexual que teria aprendido vendo televisão.