A ação que resultou nas prisões dos ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony e Rosinha Garotinho, na manhã dessa quarta-feira, faz parte de uma investigação que indica a existência de um esquema de contratos fraudulentos firmados entre empresas para repassar dinheiro para campanhas eleitorais. O Ministério Público do Rio e a Polícia Federal apuram crimes eleitorais cometidos por Garotinho e seu núcleo político. Os promotores afirmam que de janeiro de 2009 a dezembro de 2016, período em que Rosinha foi prefeita de Campos dos Goytacazes (RJ), os envolvidos “associaram-se em organização criminosa, inclusive com o emprego de arma de fogo, de forma estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com o objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagens financeiras, inclusive sob a forma de doações eleitorais”.
Anthony e Rosinha Garotinho, e seu núcleo, são acusados de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
A investigação aponta que Garotinho cobrava propina de empresários em licitações da Prefeitura de Campos dos Goytacazes e, depois, pedia dinheiro para que os contratos fossem honrados.
Garotinho foi preso no apartamento da família no Flamengo, Zona Sul do Rio, e levado para a sede da PF. Depois, o ex-governador seguiu para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. Ele foi hostilizado na saída da sede da PF, quando foi chamado de “bandido” e “corrupto”. Rosinha Garotinho foi detida em Campos dos Goytacazes, no Norte do Estado.
Para a operação, a Justiça Eleitoral de Campos dos Goytacazes expediu nesta quarta-feira nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão.
As prisões também têm relação com a delação premiada de Ricardo Saud, da JBS.
De acordo com o MP-RJ, após ser pressionado por Garotinho, o presidente do PR, Antônio Carlos Rodrigues, pediu que a JBS conseguisse mais R$ 4 milhões, ficando combinado, por fim, o pagamento de mais R$ 3 milhões.
O dinheiro oriundo de propina seria destinado para a campanha de Garotinho ao governo do Rio, em 2014, e serviria para selar apoio do PR ao PT e ao PMDB.
“Durante as investigações, a PF e o Ministério Público Estadual identificaram elementos que apontam que uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé/RJ para prestação de serviços na área de informática”, destacou o MP-RJ, referindo-se à JBS. A realização de serviços, no caso, era apenas uma fachada para negócios irregulares.
Garotinho divulgou uma nota oficial em que atribui a operação dessa quarta-feira a mais um capítulo da perseguição que diz sofrer. Ele afirma que nem ele, nem nenhum dos acusados cometeu crime algum. Ele reforçou que a ação de hoje não tem relação alguma com a Operação Lava-Jato.
