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Ministério Público pede a transferência do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para um presídio em Curitiba devido a regalias que ele recebeu na cadeia

Cabral foi preso em novembro do ano passado. (Foto: Reprodução)

O MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro pediu a transferência do ex-governador do Estado Sérgio Cabral (PMDB), que está em uma penitenciária em Benfica, para um presídio em Curitiba (PR). O pedido foi feito em razão das regalias que ele teria recebido tanto em Bangu, onde esteve detido anteriormente, quanto em Benfica. Os promotores dizem que houve uma “rede de serviço e favores” montada para o ex-governador dentro da cadeia.

Eles pediram também que o secretário de Administração Penitenciária, coronel Erir Ribeiro, seja afastado do cargo, assim como outros cinco servidores da pasta. Na cadeia de Benfica, foram encontrados camarão, queijo de cabra e bacalhau. Uma resolução da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro proíbe a entrada de produtos in natura nas cadeias do Estado. Uma das embalagens tinha o nome de Cabral na tampa.

A ação cita a instalação de um “cinema vip”, remédios obtidos sem prescrição “via WhatsApp” – nas palavras do ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes – e visitas e entregas na área externa do presídio. Algumas delas feitas por deputados. Já sobre Bangu, cita a “escolta” de agentes penitenciários a presos e a suposta “rede de serviços e favores”.

Os procuradores afirmam que “mesmo em cárcere (ou suposto cárcere) o réu Sérgio Cabral continua a desempenhar aquilo pelo qual encarcerado foi: a gestão da coisa pública em seu benefício pessoal”.

Bangu

Imagens do circuito de segurança mostram presos circulando livremente, fora do horário de banho de sol. O ex-governador aparece tendo regalias que superam até mesmo os padrões de Bangu 8. Recebia visitas fora de hora, na sala da direção do presídio.

De acordo com o livro de registros, a data e a hora em que Sérgio Cabral era levado até lá coincidem com a presença em Bangu do filho dele, o deputado Marco Antônio Cabral (PMDB). Até as conversas com os advogados fugiam do padrão. O regulamento determina que o contato com o cliente seja feito em um local específico: o parlatório. Mas as câmeras mostram que Sérgio Cabral saía dali e caminhava até o hall de entrada do presídio. Os advogados davam a volta por fora e chegavam ao mesmo local, mesmo em dias de chuva.

As notícias da vida fora dos muros chegavam depressa ao ex-governador. No dia 17 março, ele foi cercado no corredor e recebeu abraços, cumprimentos e o carinho dos companheiros de cela e de presídio. Sérgio Cabral retribuiu emocionado.

O dia e a hora coincidem com a notícia de que a ex-primeira dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo, mulher do peemedebista, iria sair de Bangu para a prisão domiciliar. No fim de maio, os 146 presos de Bangu 8 foram transferidos para a cadeia José Frederico Marques, em Benfica.

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