O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão do ex-deputado federal e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson. O político é investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa que teria agido para atentar contra o Estado Democrático de Direito. Ele atualmente cumpre decisão domiciliar.
Uma das medidas que ele deveria cumprir na prisão domiciliar é não participar de redes sociais. Nos últimos dias, surgiu um vídeo em que o ex-deputado profere ofensas de baixo calão contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao reclamar de decisão tomada por ela.
Troca de tiros
Jefferson divulgou, neste domingo, vídeos nos quais afirma ter trocado tiros com a PF durante a tentativa de prisão. Fontes que acompanham o caso confirmaram a ocorrência. Segundo sua filha, a também ex-deputada Cristiane Brasil, um policial chegou a ser ferido.
O setor de inteligência da PF detectou informações de que Jefferson iria esperar até terça-feira, prazo limite para prisões em flagrante, para tentar tumultuar o processo eleitoral.
Vídeos divulgados por sua defesa mostram agentes em frente à residência, em Levy Gasparian, sendo filmados pela câmara de segurança. Ao fundo, o parlamentar diz que eles estavam ali para prendê-lo. Em uma segunda imagem, uma viatura da corporação aparece com os vidros atingidos. A troca de tiros, porém, não é exibida.
“Meu pai não atirou em ninguém. O policial foi atingido apenas na troca de tiros por estilhaços de bala. Quem estiver perto corra pra lá. Bairro Golf, condomínio Marlene Novaes em Comendador Levy Gasparian. Aeroporto mais perto é o de Juíz de Fora”, afirmou ela em publicação no Twitter.
Solidariedade
No sábado (22), 250 advogadas divulgaram uma nota de solidariedade à ministra e afirmam que a fala foi “agressiva, descabida e criminosa”.
“O conteúdo agressivo, machista, misógino e discriminatório expresso no vídeo divulgado recentemente pelo ex-parlamentar Roberto Jefferson é uma excrescência, afronta a todas as mulheres, a sociedade e as instituições republicanas”, diz o manifesto.
O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público também divulgou nota na qual afirma que repudia veementemente as declarações e manifesta apoio incondicional à ministra.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) se solidarizou com a ministra. “A manifestação é duplamente grave, porque atenta contra o exercício da magistratura e também porque se apoia em estereótipos de cunho sexista”, afirma.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) repudiou “atentados à independência judicial da ministra” por meio de insultos e ofensas absurdas. “O Estado Democrático de Direito não admite que magistrados e magistradas sofram ameaças em decorrência do exercício da atividade jurisdicional, sobretudo se proferidas em meio a discursos de ódio eivados de preconceito e discriminação”.