O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, acusou nessa terça-feira (26) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de antissemitismo e o chamou de “apoiador do Hamas”, em um momento de crise diplomática entre os países. O governo israelense rebaixou o nível de suas relações diplomáticas com o Brasil após meses de impasse envolvendo a nomeação de um novo embaixador em Brasília.
A manifestação de Katz contra Lula veio por meio de uma publicação em português nas redes sociais, por meio da qual o ministro israelense também compartilhou uma imagem gerada por IA, em que o presidente brasileiro é retratado como uma marionete do aiatolá Ali Khamenei, do Irã.
“Quando o presidente do Brasil, Lula, desrespeitou a memória do Holocausto durante meu mandato como Ministro das Relações Exteriores, declarei-o persona non grata em Israel até que pedisse desculpas. Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA – o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel – colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu Katz.
O presidente brasileiro foi declarado persona non grata em Israel em fevereiro de 2024, após comparar o desastre humanitário provocado pela ofensiva israelense em Gaza com o Holocausto. A declaração que motivou a represália foi feita por Lula durante uma viagem ao continente africano, quando afirmou que “o que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”.
A situação também fez com que o governo israelense convocasse o então embaixador do Brasil em Israel, Frederico Duque Estrada Meyer, para uma reunião e uma visita ao Museu do Holocausto de Jerusalém — o que foi considerado pelo lado brasileiro como um constrangimento diplomático.
A saída do Brasil da Aliança Internacional para Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês), por sua vez, foi confirmada pelo governo do petista em julho deste ano. À época, interlocutores da área diplomática do governo afirmaram ao GLOBO que a retirada tentava corrigir a “decisão apressada” de aderir aos termos, tomada em 2021 durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A alegação foi de que ao ingressar, não foram levadas em conta as obrigações legais e financeiras a serem assumidas.
Cinco dias depois de sair da aliança, o governo brasileiro entrou formalmente na ação movida contra Israel pela África do Sul, na Corte Internacional de Justiça, que acusa o governo israelense de cometer genocídio em Gaza.
“Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados. Vergonha para o maravilhoso povo brasileiro e para os muitos amigos de Israel no Brasil que este seja o seu presidente. Dias melhores ainda virão para a relação entre nossos países”, concluiu Katz em sua publicação. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.