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Ministro do Supremo Cristiano Zanin refuta tese que costumava evocar quando era advogado de Lula

Ministro acusou Lava Jato da mesma prática alegada pela defesa dos réus da trama golpista. (Foto: Foto: Victor Piemonte/STF)

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), refutou nessa quinta-feira (11), um argumento das defesas dos réus sobre a trama golpista do qual costumava lançar mão quando ele mesmo era advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes de ser alçado ao STF, Zanin era o responsável pela defesa do petista nos processos da Lava Jato e acusava a Justiça de Curitiba de “document dump”, ou despejo de documentos. A prática consiste em apresentar uma grande quantidade de documentos em um processo judicial sem que haja uma relação com a controvérsia.

“Todos os documentos que foram carreados aos autos pela Polícia Federal foram disponibilizados à defesa em link específico. O fato de ser um material amplo, na verdade, não pode configurar cerceamento de defesa, porque as defesas receberam o material para fazer a análise que entendiam ser cabíveis”, declarou.

Em aparte, o ministro Alexandre de Moraes disse que os documentos ficaram disponíveis às defesas por quatro meses, mas não foram utilizados nas alegações finais dos advogados.

Segundo a defesa de Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República praticou “document dump” na denúncia contra os réus de forma deliberada para prejudicar o exercício da defesa. A equipe de Celso Vilardi contou 81 mil páginas em provas anexas à denúncia. Os advogados alegaram que a denúncia não traz referência organizada a esses documentos.

Como ele votou

Último a votar no julgamento, que começou no dia 2 de setembro e deve terminar nessa sexta-feira (12), Zanin deu o quarto e último voto para condenar Bolsonaro e outros sete réus do núcleo crucial da trama golpista por todos os cinco crimes imputados a eles na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O placar julgamento ficou em 4 a 1.

Para o ministro, os discursos do ex-presidente contra as urnas e o Poder Judiciário têm “evidente conexão causal” com o fomento a ações violentas. Ou seja, publicamente Bolsonaro incitava a militância para minar a confiança nas instituições enquanto nos bastidores, com aval dele, aliados estavam articulando as medidas operacionais do golpe.

O ministro conectou uma cadeia de acontecimentos que, na avaliação dele, culminaram no 8 de Janeiro. A estratégia foi a mesma usada na denúncia da PGR e no voto de Alexandre de Moraes, relator do processo.

“Não houve mera expressão de opiniões controversas, mas um concerto de ações voltadas à permanência no poder. Primeiro, por meio da tentativa frustrada de coatar a livre atuação do Poder Judiciário e de interferir nas eleições. Depois, por meio de atos de força que viabilizassem como estopim a deflagração de uma resposta institucional armada com apoio das Forças Armadas e manutenção do grupo no poder”, defendeu Zanin. As informações são de O Estado de S. Paulo

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