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Ministro do Supremo, Gilmar Mendes diz que espera julgar Bolsonaro em 2025 para evitar “tumultos” em 2026, ano de eleição

Ministro deseja estabelecer um entendimento para aplicar nos casos semelhantes, após afirmar que há muitos processos parecidos no Supremo. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que espera julgar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe de Estado ainda em 2025, para evitar “tumultos” em 2026, ano eleitoral. A declaração foi dada em uma entrevista ao veículo “Brasil Confidencial” na segunda-feira (20).

Mendes disse ainda que o julgamento no Supremo sobre a tentativa de golpe não deve demorar muito e que, ao surgirem novos acusados, as denúncias poderão ser fatiadas. De acordo com o ministro, a investigação da trama golpista conduzida pela Polícia Federal (PF) foi “extremamente bem-feita” e “tudo impressiona”.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ainda analisa o relatório elaborado pela PF. Caberá a ele decidir se denunciará os investigados, se recomendará o arquivamento ou se pedirá investigações complementares.

Gilmar Mendes afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, preferiu não “correr risco” ao rejeitar a devolução do passaporte e impedir a viagem de Bolsonaro para a posse de Donald Trump, nos Estados Unidos. “Estamos às vésperas de um eventual oferecimento de denúncia nesse tema, é um tema delicado, buliçoso, e ele [Moraes] preferiu não correr risco”.

O ministro do STF diz que ficou “particularmente” impressionado com a reunião em que “altas figuras da república falaram abertamente de constranger ministros do STF”. Gilmar Mendes se refere ao vídeo que mostra a reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto no dia 5 de julho de 2022, a qual que o ex-presidente e ministros discutem o que a Polícia Federal chamou de uma “dinâmica golpista”.

Em sua avaliação, as informações da PF sobre o planejamento da morte do ministro Alexandre de Moraes são preocupantes. Para ele, desde a redemocratização essa tentativa de golpe é a primeira grande crise com “invólucro” militar. Por isso, ele voltou a defender que militares das Forças Armadas e da Polícia Militar não ocupem cargos civis se não estiverem afastados, como na reserva, por exemplo.

Não parece adequado que um militar que não está na reserva ocupe um cargo civil”. O ministro citou como exemplo Eduardo Pazuello, ministro da Saúde de Bolsonaro, que, em sua opinião, foi o símbolo de um “grande desastre” pois a ele foi confiado o Ministério da Saúde em plena pandemia. “Foi uma grande irresponsabilidade”, disse. Mendes também elogiou a “atitude responsável” dos comandos militares que rejeitaram o golpe. As informações são do jornal Valor Econômico.

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