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Ministro do Trabalho teme avalanche de ações na Justiça se medida provisória da terceirização não passar por debate no Senado

Governo promoverá uma série de reuniões no Senado para definir os dois pontos que ainda não são consenso na medida provisória da terceirização, declarou Dias. (Foto: Sérgio Lima/Folha Imagem)

Temendo uma avalanche de ações na Justiça, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse ontem que o governo promoverá uma série de reuniões no Senado para definir os dois pontos que ainda não são consenso na medida provisória da terceirização que foi aprovada na Câmara do Deputados: atividade-meio e atividade-fim. O ministro admitiu não saber perfeitamente as diferenças entre as duas e afirmou que defenderá a proposta que resultar do debate que será feito nos próximos dias.

“Tem muitas definições e muitas indefinições. A rigor eu não sei, perfeitamente, o que é diferente da terceirização da atividade-meio da  atividade-fim. Temos que fazer uma lei bem feita, caso contrário vamos inundar a Justiça com ações de sindicatos e trabalhadores contra a terceirização”, justificou o ministro, logo após se reunir com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo.

Apesar do seu partido, o PDT, que é da base do governo da presidenta Dilma Rousseff, ter votado a favor da terceirização em todas as funções, Dias afirmou que o objetivo de seu ministério é aprovar uma medida que não traga a precarização do emprego nem prejuízos aos trabalhadores.

Sobre a postura dos deputados do PDT, que estão votando contra as propostas do governo Dilma, o que teria gerado pressões tanto do governo quanto do partido para a sua saída do cargo, Dias disse que os parlamentares pedetistas votam de acordo com o programa partidário (“conhecido há mais de 60 anos”) e que ficará no governo até quando a presidenta, ou PDT, quiserem. “Não tive pressão, ou cobrança do governo e ficarei no cargo até que a presidenta entenda que devo ficar.”

O ministro aproveitou a plateia de empresários do Lide para criticar o clima negativista no País e disse que o debate sobre a terceirização está muito politizado. Segundo ele, uma parte da população está contaminada pelo discurso de que o Brasil perdeu o fio da história e as perspectivas de crescimento.

“Esse discurso negativista parece que o País está na beira do abismo. Entendo que estamos vivendo mais uma crise política do que econômica. É necessário que a gente remonte aos 12 últimos anos, período que o País evoluiu, cresceu, criou empregos”, afirmou o ministro, lembrando que foram gerados 22 milhões de empregos e o salário mínimo atingiu, em dezembro do ano passado, o maior valor da sua história.

 

Fator previdenciário
O governo quer encontrar uma solução para substituir o fator previdenciário por meio de debates no Senado e no fórum criado pela presidenta Dilma Rousseff com a participação de centrais sindicais, empresários e parlamentares, segundo Dias.

A regra foi modificada no dia 13 deste mês, na Câmara dos Deputados, na votação de emenda à Medida Provisória 644, que alterou as regras da concessão da pensão por morte e auxílio-doença. Com a modificação, que ainda precisa ser apreciada pelo Senado, a regra para a aposentadoria estabelece que o trabalhador receberá seus proventos integrais, quando, no cálculo da aposentadoria, a soma da idade com o tempo de contribuição for 85 para mulher, 95 para homem e 80 para professora e 90 para professor.
“Não é possível simplesmente acabar com o fator previdenciário, tem que haver uma proposta que substitua a lei que estabeleceu esse fator. O governo é favorável à modificação, colocou na mesa e vamos buscar uma solução. O que houve foi uma votação e isso demanda apreciação pelo Senado, ainda tem um longo percurso. Até lá, tenho certeza que essa mesa de negociação, que é o fórum, representado pelos trabalhadores, governo e empresários, encontrará uma solução para essa reivindicação”, disse Dias.

Com relação ao Projeto de Lei 4.330-2004, que regulamenta os contratos de terceirização, aprovado na Câmara e em discussão no Senado, Manoel Dias afirmou que a terceirização é uma realidade e a falta de regulamentação causa insegurança jurídica para os trabalhadores e
empresários. De acordo  com ele, o governo é contrário à terceirização da atividade-fim, como foi votado pelos deputados, mas houve consenso sobre a corresponsabilidade das empresas e a
representação sindical dos trabalhadores terceirizados.  (AG e Abr)

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