Em uma menção aos seguidos escândalos de corrupção, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que o País atingiu um “nível de indecência absolutamente insuportável” e lamentou a ocorrência de “coisas erradas” onde quer que se investigue, devido à certeza de impunidade por parte das classes mais abastadas.
“Basta olhar em volta um pouco para ver o que está acontecendo no Brasil. Onde você destampa, tem alguma coisa errada”, comentou durante palestra na Corte sobre a legislação antidrogas. “Isso é culpa de um sistema onde as pessoas acima de uma faixa de renda eram honestas ou não se quisessem ou não. O nível de indecência a que nós chegamos é insuportável.”
Barroso acabou se referindo indiretamente aos casos de corrupção na política, ao mencionar que o sistema penal brasileiro pune duramente a população pobre, diferente do que ocorre com os chamados criminosos “de colarinho branco”.
Grande parte dos casos de corrupção revelados recentemente a partir das delações da empreiteira Odebrecht tramita no Supremo. O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato na Corte, autorizou neste mês abertura de inquérito contra 98 investigados, incluindo deputados, senadores, ministros de Estado e outros agentes públicos. O relator deverá redistribuir os casos sem relação direta com a Petrobras, cerne da força-tarefa.