Após os Estados Unidos ameaçarem aplicar sanções contra Alexandre de Moraes, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) receberam um recado de integrantes do governo Lula.
A mensagem é que o Ministério das Relações Exteriores foi orientado a agir com firmeza nesse caso, destacando que um país estrangeiro não pode interferir na autonomia e nos poderes de outro. Os ataques a Moraes serão encarados pelo Brasil como uma afronta à soberania nacional por parte da gestão Donald Trump, segundo a informação de representantes do Palácio do Planalto ao Supremo.
Magistrados avaliam que a defesa de Moraes precisa ocorrer por vias diplomáticas e não ser capitaneada pelo próprio tribunal. A avaliação dos ministros é que a ameaça de punir Moraes pela atuação dele como ministro do STF é uma afronta ao Estado brasileiro e não só à corte.
Nesta quarta-feira, o chefe do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o governo Donald Trump estuda implementar sanções contra Moraes. A fala ocorreu em um depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Congresso dos EUA.
Ao ser questionado pelo deputado republicano Corry Mills, da Flórida, sobre sanções contra Moraes, Rubio respondeu:
— Isso está sob análise no momento e há uma grande possibilidade de que isso aconteça.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA com a missão de buscar punições a Moraes junto a congressistas republicanos e membros do governo Trump, celebrou: “Venceremos”.
Moraes sobe o tom do autoritarismo em meio à possível retaliação dos EUA
Em meio à crescente possibilidade de sofrer sanções por parte do governo americano, o ministro Alexandre de Moraes decidiu subir o tom autoritário ao longo desta semana, no julgamento sobre o suposto golpe de Estado. Ao longo das sessões na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro assumiu postura ainda mais belicosa, o que gerou debates acalorados com as testemunhas.
Na segunda-feira (19), durante o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, Moraes chamou o Supremo de “meu tribunal”. O advogado de Anderson Torres questionava Freire Gomes sobre o conteúdo de documentos que teriam sido apresentado em reuniões sobre o suposto golpe. O general não confirmou se o documento que teria sido apresentado em uma reunião da qual fez parte era o mesmo que foi mostrado a ele durante seu depoimento à Polícia Federal.
Moraes interrompeu o advogado, alegando que ele teria feito a mesma pergunta por quatro vezes. “Não estamos aqui para fazer circo. Não vou permitir que faça circo aqui no meu tribunal”, disse o ministro. Moraes ainda ameaçou cortar o microfone do advogado se ele continuasse “tentando induzir” a testemunha. As informações são dos portais O Globo e Gazeta do Povo.