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Montadoras têm em estoque no Brasil 346 mil carros novos, o que equivale a 52 dias de produção

Presidente da associação das montadoras, Luiz Moan. (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A situação das montadoras pode ser vista pelo declínio persistente da produção e das vendas ao longo deste ano, mas também pelo corte de pessoal: em setembro, 742 vagas foram eliminadas; entre janeiro e setembro, o número foi de 10,9 mil; e nos últimos 12 meses, de 14,1 mil, ou 9,6% da força de trabalho de 147.751 pessoas empregadas em setembro de 2014. Além das dispensas, o presidente da associação das montadoras, Luiz Moan, diz que há 7,2 mil em regime de lay-off (suspensão do contrato de trabalho) e 33 mil inscritos no Programa de Proteção ao Emprego, em que há redução do salário para evitar demissão.

O momento é ruim para empregados, para montadoras e para a rede de distribuição de veículos. Em setembro, foram produzidos 19,5% menos veículos do que em agosto (de 216,6 mil para 174,2 mil) e 42,1% menos do que em setembro de 2014 (300,8 mil unidades). Mas o recuo da produção foi maior que o dos estoques – estes diminuíram apenas de 357,8 mil veículos para 346,9 mil, ou seja, continuam a ser muito elevados, correspondendo a 52 dias de vendas (o normal é 30 dias). A maioria está nas concessionárias, muitas das quais fecham as portas.

Pela terceira vez no ano, as montadoras revisaram para baixo as estimativas de produção, agora com uma queda prevista de 23,2% (o equivalente a 730 mil unidades). Se a produção for de 2,4 milhões de veículos, terá voltado aos níveis de 2006. O mesmo ocorre com os licenciamentos. As vendas totais caíram 3,5% em setembro e 32,5% entre setembro de 2014 e o mês passado. Nos mesmos períodos, as comercializações de máquinas agrícolas e rodoviárias caíram 6,8% e 40,5%, apesar da safra favorável.

As exportações de 830 milhões de dólares subiram 0,7% entre agosto e setembro, mas caíram 10,8% em relação a um ano atrás. Em 12 meses, foram exportados 10,5 bilhões de dólares, 19,3% abaixo dos 12 meses anteriores. Mesmo com mais acesso aos mercados mexicano e colombiano, o impacto na venda será pequeno.

Cadeia

A cadeia automobilística é ampla. A queda atinge autopeças, plásticos, pneus e vidros. Chega à área siderúrgica, que ampliou a capacidade instalada até 2012 e enfrenta uma das maiores crises da história. As vendas caíram 27% em dois anos, segundo o Instituto Brasileiro do Aço. A política oficial de estímulo às montadoras não bastou. O consumo esfria com juros altos, crédito escasso, desemprego e perda de poder aquisitivo. (AE)

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