O banqueiro Aloysio de Andrade Faria morreu na manhã desta terça-feira (15), aos 99 anos, em sua fazenda em Jaguariúna, no interior de São Paulo, de acordo com informações do blog Direto da Fonte, da colunista Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo. Faria, que completaria 100 anos em novembro, era o banqueiro mais velho da lista da revista Forbes e o terceiro mais idoso entre todos os bilionários, com uma fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões).
Médico por formação, ele herdou aos 28 anos, quando seu pai morreu, o banco que viria a ser o Real, e teve a vida marcada pela discrição. Em 1998, na época o quarto maior banco privado do Brasil, o Real foi vendido por US$ 2,1 bilhões ao holandês ABN Amro (posteriormente comprado pelo Santander).
Em mais de 80 anos de vida empresarial, Faria construiu um conglomerado que engloba não apenas o banco Alfa, criado após a venda do Real, mas também uma dezena de empresas, como a rede de hotéis Transamérica, emissoras de rádio, a fabricante de água mineral Águas da Prata, a gigante de material de construção C&C e a produtora de óleo de palma Agropalma, entre outros negócios.
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“O Brasil ficou menor. Perdeu hoje o grande brasileiro Aloysio Faria. Foi sempre um eficiente, silencioso e duro trabalhador pelo Brasil. Pensou sempre num sistema financeiro sofisticado e eficaz, com instrumento de um desenvolvimento seguro e mais equânime. Leva com ele aquela sabedoria que combinava o saber prático e um ideal de justiça. Cultivou o trabalho e a modéstia, que dá o exemplo que se espera dos virtuosos”, afirmou o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.
O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, lembrou o caráter visionário do banqueiro – o Real foi, por exemplo, a primeira instituição financeira brasileira a abrir uma agência na 5ª Avenida, em Nova York.
“Em seus 100 anos de vida e trabalho, Aloysio Faria jamais buscou cultuar sua própria personalidade, preferindo valorizar as marcas que criava. De Delfim Netto, que o considerava um dos financistas mais sofisticados do País, ganhou o apelido de ‘banqueiro invisível’. Com essa postura, amealhou admiradores e seguidores. Com tantos feitos, destacava, da vida, a importância da simplicidade”, disse Trabuco Cappi, em nota.
Na visão do presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, Faria é um dos responsáveis “pela modernização do setor bancário no Brasil”.
“Aloysio Faria é um daqueles brasileiros que serão sempre lembrados por terem dedicado sua vida a empreender, a construir algo relevante, o que fez com êxito em diferentes áreas e negócios. Era uma referência e nos impressionou a todos que tivemos a oportunidade de conhecê-lo e acompanhar sua trajetória”, disse o executivo, em nota.
“O Brasil perdeu hoje um dos seus grandes empreendedores. Vai fazer falta no agronegócio, no setor financeiro e no processo de internacionalização do Brasil. Aloysio Faria é um exemplo de como fazer negócios de forma republicana no Brasil”, afirma Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que trabalhou por 23 anos na Agropalma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.