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MPF denuncia Sérgio Cabral por mais 184 crimes de lavagem de dinheiro

Ex-governador Sérgio Cabral está preso em Bangu. (Foto: Reprodução)

O MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) denunciou à 7ª Vara Federal o ex-governador Sérgio Cabral por 184 crimes de lavagem de dinheiro. Os fatos apresentados ao juiz Marcelo Bretas na denúncia são resultantes das operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio.

Preso em Bangu, o ex-governador virou réu no último dia 10 na mesma operação: um crime de evasão de divisas, dois de lavagem de dinheiro e dois de corrupção. Se o juiz Bretas aceitar a denúncia desta terça, Sérgio Cabral se tornará réu pela terceira vez. O ex-governador já responde a processo na 7ª Vara Federal do Rio e na 13ª Vara Federal de Curitiba com o juiz Sergio Moro.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira (14) pela assessoria de imprensa do MPF. Além de Cabral, também foram denunciados por crimes de lavagem de dinheiro:

Carlos Miranda: 147 crimes
Carlos Bezerra: 97 crimes
Sérgio Castro de Oliveira: 6 crimes
Ary Ferreira da Costa Filho: 2 crimes
Adriana Ancelmo: 7 crimes
Thiago de Aragão Gonçalves: 7 crimes
Francisco de Assis Neto: 29 crimes
Álvaro José Galliez Novis: 32 crimes
Marcelo Hasson Chebar
Renato Hasson Chebar

Na denúncia, o MPF diz que os doleiros e irmãos Marcelo e Renato Chebar faziam parte da organização como operadores financeiros. A denúncia desta terça-feira (14) trata da lavagem de dinheiro de R$ 39.757.947,69 praticadas no Brasil.

Semana passada, os procuradores da Lava jato no Rio denunciaram o ex-governador Cabral, o empresário Eike Batista e mais sete pessoas por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. As denúncias de lavagem de dinheiro, há uma semana, estão focadas em dois pagamentos feitos por Eike ao grupo: um de US$ 16,5 milhões de propinas ao ex-governador Cabral e um depósito de R$ 1 milhão à conta do escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo.

Ainda segundo a denúncia, a organização ocultou e lavou R$ 317.874.876, divididos da seguinte forma:

R$ 39.757.947,69, guardados com os irmãos Chebar no Brasil;

US$ 100.160.304,90, depositados em dinheiro em contas em nome dos irmãos Chebar e outros, no exterior;

1.008.708,00 de euros, ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior;

US$ 1.054.989,90, ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior;

US$ 247.950,00, ocultados sob a forma de quatro quilos e meio de ouro, guardados em cofre no exterior.

Parte do valor já foi recuperado, segundo o MPF.

Sérgio de Oliveira, Thiago de Aragão, Francisco de Assis e Álvaro Novis foram denunciados por integrarem a organização criminosa liderada pelo ex-governador.

Cabral está preso desde novembro. Na segunda-feira, ele passou mal no Complexo Penitenciário de Gericinó e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento Dr. Hamilton Agostinho de Castro Vieira, localizada no complexo. Após realização de exames, foi liberado e voltou à cela. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária informou que Cabral passa bem.

R$ 4 milhões por mês

Segundo a denúncia, os doleiros recebiam dos demais denunciados dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, “custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso”.

Os colaboradores entregaram ao MPF uma planilha de controle de caixa, que detalhava onde o dinheiro era utilizado. De 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, foram gastos R$ 39.757.947,69 – média de cerca R$ 4 milhões por mês.

De acordo com o procuradores, as provas reunidas nas operações Calicute e Eficiência comprovaram que a organização criminosa chefiada por Cabral promoveu a lavagem de ativos, no Brasil, por sete principais formas:

pagamento de despesas pessoais de Cabral e familiares;

pagamento de despesas pessoais de Carlos Miranda e familiares;

movimentação de recursos ilícitos para Carlos Bezerra;

distribuição de recursos ilícitos para Sérgio de Oliveira;

envio de valores ilícitos para Thiago Aragão;

envio de valores ilícitos para Francisco de Assis Neto;

entrega de valores ilícitos por Álvaro Novis aos colaboradores.

Segundo os procuradores da República Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Silva de Oliveira, Rodrigo Timóteo, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Jessé Ambrósio Junior e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia, “o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura destinada à movimentação e lavagem do dinheiro da propina”. (AG)

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