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O Ministério Público Federal confirma o massacre de 20 índios em uma tribo isolada do Amazonas

O MPF (Ministério Público Federal) confirmou que mais de 20 indígenas de uma tribo isolada do extremo oeste do Estado do Amazonas foram assassinados por garimpeiros ilegais. O assassinato teria acontecido no último mês de agosto.

Conhecidos como “flecheiros”, os índios teriam sido mortos na cidade de São Paulo de Olivença, na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia.

O massacre vem pouco tempo depois de outro ataque de garimpeiros que matou mais de vinte indígenas isolados da tribo Warikama Djapar, no Vale do Javari – este caso aconteceu em maio.

Em nota, a ONG Survival colocou na conta do governo Temer as recentes mortes de indígenas.

“Caso tais relatos sejam confirmados, o presidente Temer e seu governo possuem uma grande responsabilidade por este ataque genocida. Todas estas tribos deveriam ter tido suas terras devidamente reconhecidas e protegidas há anos – o apoio aberto do governo àqueles que querem violar territórios indígenas é extremamente vergonhoso”, diz o texto.

Mulheres e crianças estariam entre os mortos, segundo comunicado da ONG.

Uma foto de satélite que mostra ocas queimadas na região, datada de dezembro de 2016, também foi divulgada pela organização. Sobre a imagem, o Ministério Público Federal informou que não tem informações a respeito e que o local exato do massacre ainda está sendo apurado.

Contexto 

No início do ano, pressionada por cortes orçamentários, a Funai suspendeu as atividades de cinco bases de proteção a índios isolados na Amazônia.

“O corte no orçamento da Funai deixou dezenas de tribos isoladas sem defesa contra milhares de invasores, garimpeiros, fazendeiros e madeireiros, que estão desesperados para roubar e pilhar suas terras”, declarou o diretor da Survival, Stephen Corry, em comunicado.

Autoridades têm tentado coibir o garimpo e outras atividades ilegais na região. Na semana passada, o MPF deflagrou uma operação na mesma área do suposto massacre indígena. Em ação conjunta com o Ibama e o Exército, 16 dragas de mineração foram identificadas ao longo do rio Jandiatuba, e cinco foram destruídas.

Cada draga custa cerca de R$ 1 milhão. “Nenhuma delas possuía documentação que justificasse a atividade garimpeira nas margens, igarapés ou calha do rio Jandiatuba”, informou a Procuradoria.

“Nenhuma [draga] possuía documentação que justificasse a atividade garimpeira nas margens, igarapés ou calha do rio Jandiatuba”, informou a Procuradoria.

Segundo o procurador da República Alexandre Aparizi, além dos danos ambientais, o garimpo ilegal na região está fortemente associado à prostituição, ao tráfico de drogas, a crimes violentos e a condições precárias de trabalho. (Folhapress)

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