Ícone do site Jornal O Sul

Mudanças no governo chileno tentam acalmar manifestantes nas ruas de Santiago

(Foto: Reprodução/Twitter)

O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou a substituição de oito dos 24 ministros do seu governo, incluindo os da Economia, Interior e Finanças, alvo de muitas críticas desde o início da atual crise social e política. As informações são da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) e da agência de notícias Reuters.

O chefe de Estado do Chile tinha anunciado no sábado que iria remodelar o seu Executivo, em resposta a protestos populares que o levaram a decretar o recolher obrigatório e a enviar militares para as ruas.

O Chile não é o mesmo já há algumas semanas. O país mudou e o governo também precisa de mudar para enfrentar estes novos desafios e tempos”, disse o presidente Sebastián Piñera em referência aos protestos dos últimos dez dias, que já fizeram vinte mortos.

Estas medidas não resolvem todos os problemas, mas este é um primeiro passo importante”, afirmou Piñera, acrescentando que os manifestantes “refletem a forte vontade do governo por um Chile socialmente mais justo”.

Noite de tumultos

No entanto, o gás lacrimogêneo permanecia no ar no centro de Santiago, nesta terça-feira (29), enquanto chilenos seguiam para o trabalho, após outra noite de tumultos na capital do Chile, em um sinal de que a reforma ministerial feita pelo presidente Sebastian Piñera ainda é insuficiente para acalmar os manifestantes.

Vândalos encapuzados surgiram repentinamente na noite de segunda-feira, após um dia de protestos pacífico, causando destruição em muitas ruas do centro e provocando o caos em meio a caminhões de bombeiros, uma multidão de manifestantes batendo panelas e intensa fumaça preta.

A nova porta-voz de Piñera, Karla Rubilar, condenou a violência, dizendo que não reflete os desejos da maioria.

Mais de 1 milhão de chilenos marcharam pacificamente contra a desigualdade em Santiago na última sexta-feira, no maior protesto desde o retorno do Chile à democracia em 1990.

Estamos falando de 6.500 pessoas que pensam que podem dominar Santiago, mas vamos encontrá-las”, disse Rubilar a repórteres, descartando o retorno a um estado de emergência na capital.

Os tumultos no Chile continuam a ocorrer após uma semana de protestos contra a desigualdade, nos quais pelo menos 17 pessoas foram mortas. Milhares de manifestantes foram presos, segundo o Ministério Público, e as empresas chilenas tiveram prejuízo de mais de 1,4 bilhão de dólares. O metrô da cidade sofreu danos equivalentes a quase 400 milhões de dólares.

Pilar Zofoli, uma professora de 30 anos, disse que a violência e a destruição em espaços e serviços públicos estão tornando a vida ainda pior para a classe trabalhadora de Santiago.

Eu apoio essa causa, mas não gosto do jeito que as coisas estão indo”, disse ela. “No final, isso nos afeta, não os ricos.”

Com a popularidade de Piñera em seu nível mais baixo de todos os tempos, os chilenos voltaram às redes sociais para convocar mais uma rodada de marchas.

Na semana passada, os protestos já haviam levado Piñera, um bilionário de centro-direita que derrotara a oposição de esquerda nas eleições de 2017, a prometer mudanças favoráveis ​​aos trabalhadores. Ele garantiu aumentar o salário mínimo e as aposentadorias, diminuir os preços dos remédios e do transporte público, além de estabelecer um sistema de saúde adequado.

O Chile, maior produtor mundial de cobre, há muito se orgulha de ser uma das economias mais prósperas e estáveis da América Latina, com baixos níveis de pobreza e desemprego. Mas a desigualdade e o crescente custo de vida têm mobilizado a população.

 

 

Sair da versão mobile