Milhões de brasileiros têm ignorado os riscos de não se vacinar contra vários tipos de doenças. E é o caso da gripe. Uma pesquisa médica reforçou a necessidade da vacina, inclusive para evitar mortes.
O pai da Daniela morreu de uma doença que para muita gente é inofensiva. “Não imaginava que uma gripe poderia matar”, conta a comerciante Daniela Souza da Silva.
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, em parceria com o Hospital de Base, constatou que muitos brasileiros ainda subestimam a gripe.
Mais da metade dos pacientes que deram entrada na UTI por problemas provocados pela doença, demorou mais de cinco dias para procurar um médico e se tratou em casa, sem orientação. De todos que deram entrada, quase 20% morreram.
O estudo inédito, publicado no Congresso Mundial de Medicina Intensiva, também mostrou que muitos médicos não fazem o diagnóstico de forma correta. Às vezes porque faltam recursos para os exames. E o quadro acaba evoluindo para a chamada síndrome respiratória aguda grave, como as pneumonias.
“Nós achamos que em um terço dos pacientes, cerca de um terço, na verdade, a pneumonia era viral e não bacteriana, ou seja, só um antibiótico não resolveria o problema desse paciente”, explica Suzana Lobo, coordenadora da pesquisa.
O que também chamou a atenção dos pesquisadores é que quem tomou a vacina da gripe reagiu melhor à doença, mesmo na UTI. “O que a gente observou também é que os casos foram mais leves e os pacientes sobreviveram”, afirma Suzana.
Milhões de pessoas que fazem parte de grupos de risco ainda não se vacinaram, principalmente grávidas e crianças que não ainda completaram cinco anos. De janeiro até a primeira semana de julho, 745 pessoas morreram no Brasil por causa da gripe.
“Principalmente nesses grupos prioritários, que é quem tem mais risco de complicação, que seja uma internação ou mesmo evoluir para a morte, que é o pior desfecho que pode acontecer, é nesse grupo que a gente precisa manter uma vacinação boa”, diz Andréia Negri, gerente da Vigilância Epidemiológica.
Vacina
A Região Sudeste é a que tem menor cobertura vacinal contra a gripe até o momento, com 84%. Em seguida estão as regiões Norte (85%), Sul (90,3%), Nordeste (94%) e Centro-Oeste com a melhor cobertura, de 99,1%. Entre os Estados, Goiás (106,6%), Ceará (104%), Amapá (100%), Distrito Federal (97,3%), Espírito Santo (96,5%), Pernambuco (95,3%), Tocantins (95,2%), Alagoas (94,1%), Minas Gerais (93,9%), Mato Grosso (93,7%), Maranhão (93,7%), Paraíba (92,8%), Rio Grande do Norte (92,3%), Sergipe (92%), Paraná (92%), Piauí (91,4%) e Mato Grosso do Sul (90,2%) atingiram a meta do Ministério da Saúde.
Os Estados com as taxas mais baixas de vacinação contra a gripe são Roraima, com 66,7%, e Rio de Janeiro, com 75,6%. No Rio Grande do Sul, a taxa de cobertura é de 84,5%, com mais de 3,4 milhões de doses aplicadas.