Ícone do site Jornal O Sul

Na Colômbia, Lula diz que países com floresta amazônica podem assumir compromisso de zerar desmatamento até 2030

Encontro serviu de prévia da Cúpula da Amazônia, em agosto, em Belém. (Foto: Cláudio Kbene/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na Colômbia, que os oito países com territórios cobertos pela floresta amazônica podem assumir o compromisso de zerar o desmatamento na região até 2030, a exemplo da meta estabelecida pelo Brasil.

A declaração foi durante viagem à Leticia, na fronteira com o Brasil, para o encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, organizada pelo governo colombiano. O evento também contou com a participação do presidente colombiano, Gustavo Petro, que convidou Lula para o evento. Foi a primeira viagem de Lula à Colômbia neste terceiro mandato.

O encontro serviu de prévia para a Cúpula da Amazônia, que o Brasil sediará entre 8 e 9 de agosto, em Belém (PA). A cúpula reunirá os presidentes dos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que Lula gostaria de ver assumir o compromisso de zerar o desmatamento até 2030.

“Meu governo está comprometido a zerar o desmatamento até 2030. Esse é um compromisso que os países amazônicos podem assumir juntos na cúpula de Belém”, disse Lula.

Medidas de preservação

No encontro com o presidente colombiano, os dois discutiram medidas de preservação e desenvolvimento da Amazônia.
Durante a reunião, Lula e Petro recebem o resultado dos debates de especialistas, pesquisadores, representantes dos povos indígenas, da sociedade civil e de entidades que prestam cooperação internacional na região.

A viagem do petista à Amazônia ocorre em um período de queda no ritmo de desmatamento, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No primeiro semestre, o desmate caiu 34% em relação aos seis primeiros meses de 2022. Em junho, queda ainda maior: 41% na comparação com mesmo mês de 2022.

A preservação da floresta é uma das principais bandeiras de Lula nas viagens internacionais, em oposição à política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que fragilizou a fiscalização na Amazônia.

Recursos para países

No discurso na Colômbia, Lula voltou a cobrar dos países desenvolvidos recursos para financiar ações de combate ao desmatamento em nações em desenvolvimento. O presidente quer o apoio dos demais países amazônicos. “Vamos ter de exigir juntos que os países ricos cumpram seus compromissos incluindo a promessa feita em Copenhague em 2019, de 100 milhões de dólares por ano para ação climática, afinal foram eles que emitiram historicamente a maior parte dos gases de efeito estufa”, afirmou Lula.

Anfitrião, Petro também destacou que as promessas assumidas por países não se cumpriram, o que exige uma reflexão das medidas necessária para preservar as florestas.

Segundo o líder colombiano, combater as mudanças climáticas obriga um investimento anual de US$ 3,3 bilhões de dólares.
“Isso significa uma mudança no sistema financeiro mundial, significa uma mudança nas relações econômicas mundiais, significa priorizar a vida em vez do capital”, disse.

Observatório regional

Lula citou a proposta de estabelecer um “observatório regional da Amazônia”, que produzirá dados sobre a região para orientar políticas públicas nos oito países cobertos pela floresta. O presidente citou a intenção de ter um sistema de controle de tráfego aéreo integrado para auxiliar no combate a crimes na região, como garimpo e extração de madeira ilegais e grilagem.

“Na ausência do Estado, o narcotráfico se espalha e se torna vetor de crimes ambientais”, disse.

Lula ainda defendeu que é preciso valorizar o papel de prefeitos, governadores e parlamentares para definir e executar políticas públicas na Amazônia.

Sair da versão mobile