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Na Espanha, Dilma pediu “solidariedade internacional” a Lula

Segundo ela, “a democracia no Brasil está em risco por causa do golpe parlamentar” que levou ao seu impeachment e que colocou seu vice-presidente, Michel Temer, no poder. (Foto: Reprodução)

A ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) pediu nesta terça-feira, em Madri, solidariedade internacional para com seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção e acusado em outros processos. “Precisamos da solidariedade internacional”, afirmou, em uma palestra na Casa América de Madri.

Segundo ela, “a democracia no Brasil está em risco por causa do golpe parlamentar” que levou ao seu impeachment e que colocou seu vice-presidente, Michel Temer, no poder. Dilma insistiu que o ex-presidente continua sendo o candidato do PT nas eleições presidenciais de outubro.

“Nós não temos um B. Nós mantemos a candidatura de Lula”, enfatizou Dilma. “O PT vai lutar em todas as instâncias jurídicas para que Lula seja candidato”, explicou. A ex-presidente afirmou ainda que o Brasil vive uma situação de grande impasse, que “fortalece a posição de Lula”.

O PT deposita parte de suas esperanças nesta quarta-feira, quando o STF (Supremo Tribunal Federal)  do Brasil talvez debata uma alteração da lei de condenação de segunda instância, que poderá favorecer Lula.

Democracia em risco

“É o que estamos fazendo em relação a Lula”, acrescentou Dilma. “Sabemos que eles querem fazê-lo calar-se. Um dos argumentos usados na ordem de prisão de Lula é que esta medida era necessária porque ele falava muito e estava convencendo seus adversários de que sua prisão seria injusta. Foi a primeira vez que vi um direito de opinar e falar ser condenado numa democracia. Isto é muito grave.”

Dilma disse ainda que “a democracia no Brasil está em risco”. “O processo de exceção está se aprofundando. Temos que ter clareza de que este tipo de processo de exceção já aconteceu e pode voltar a acontecer na América Latina. Aconteceu com Lugo no Paraguai, aconteceu em Honduras”, pontuou. “O lawfare, que é o uso da lei para destruir o inimigo, vem acontecendo no Brasil, porque de outra forma não conseguiriam destruir o PT. E não conseguirão.”

A ex-presidenta, assim como o PT, fez questão de ratificar a candidatura de Lula à presidência da República nas eleições de 2018. “Lula está no cárcere e aí me perguntam: por que vocês não escolhem outro candidato? Não escolhemos pelo mesmo motivo que eu não renunciei quando passava pelo processo de impeachment. Quando não se deve, não se faz o trabalho para o adversário. Por que Lula abandonará o plano de ir à eleição se nós sabemos que ele é inocente? Por que criar um Plano B, se construíram uma culpa que é falsa e mentirosa? Lula é candidato”, destacou. “Esta é a nossa posição. Não é por soberba. Ninguém é soberbo dentro de um cárcere. Ele é o nosso candidato, sim, porque consideramos que isto é uma questão de justiça, de inocência. E se querem tirá-lo da disputa terão fazer isto com suas mãos, não com as nossas. Com as nossas, não, porque lutaremos.”

Na palestra, Dilma afirmou ainda que é necessário “solidariedade internacional” para se mostrar o que acontece no país. “Precisamos que se divulgue ao mundo. Precisamos, em todas as instâncias, que se saiba do que está acontecendo no Brasil”, disse. “Há um processo de radicalização da direita no Brasil. Vivemos sob uma emergência da extrema-direita. E não é só no Brasil. sabemos que isto aconteceu até nas eleições alemãs, recentemente.”

Ao final, a ex-presidenta lamentou a prisão de Lula, ressaltando sua indignação. “É muito triste ver Lula, mesmo sendo carregado nos ombros do povo, se dirigir ao cárcere. Nos causa enorme indignação. Sabemos o que há de imensa injustiça nisto. Encerro dizendo que não tenho dúvidas: Lula é inocente. Além de inocente, é um grande guerreiro.”

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