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Na próxima temporada de cruzeiros, o Brasil perde para destinos como Cuba, Caribe e até China

Navios da MSC terão roteiros que partem de Buenos Aires e vêm à costa brasileira. (Foto: Reprodução)

A temporada de cruzeiros no litoral brasileiro vai encolher no próximo verão. Terá cinco navios – incluindo um que virá ao País, mas com saídas de Buenos Aires – contra dez na anterior, em um total de 250 mil leitos. Das quatro operadoras marítimas que atuavam em águas brasileiras, ficaram Costa e MSC. A Royal Caribbean e a Pullmantur, que integram o mesmo grupo, levaram seus transatlânticos para portos de maior demanda. Para ampliar a oferta no Brasil, a CVC negocia o fretamento de um navio.

“A operação no Brasil custa de 30% a 40% mais que em portos de áreas como Caribe e China. São custos portuários, de combustível, praticagem, alimentos e bebidas, impostos e infraestrutura, que tiram a competitividade de nossos portos. As coisas se agravaram com a crise, que também freou a demanda”, explica Marco Ferraz, presidente da Clia Abremar, que reúne as empresas de cruzeiros.

Câmbio.
Como no caso das companhias aéreas, a desvalorização do real onera a operação dos cruzeiros no País: “A maioria dos custos, como leasing, manutenção, combustível e salários, é em dólar. Os custos portuários são em reais, mas são caros e vêm sofrendo reajustes iguais ou maiores que a inflação. Enquanto isso, as tarifas estão praticamente congeladas”, diz Ferraz.

Na temporada 2010/2011, 20 navios operaram no litoral do Brasil, levando para navegar perto de 800 mil passageiros. No mundo, a estimativa é fechar 2016 com 24 milhões de viajantes, conta Ferraz. A China já bate 52 navios este ano, continua ele, e a Austrália, 36. Um terço da oferta de navios no mundo está concentrada no Caribe.

“A nova classe média do Brasil representou um boom para o setor. Mas o custo para operar está alto, e a infraestrutura é ruim. Enquanto não houver melhoria nos portos e nas tarifas, as armadoras não voltarão”, afirma Edmar Bull, presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens).

A Costa terá dois navios, mas a capacidade foi reduzida de 53 mil para 38,7 mil passageiros, explica Renê Hermann, diretor da companhia para a América do Sul. “Caiu o volume de passageiros e tivemos de transformar a tarifa em reais. O Brasil chegou perto de 1 milhão de passageiros e, agora, está perdendo esse mercado. Este ano, a Costa passou de três para quatro navios operando na China. Em 2017, terá mais um, e há outros dois em fabricação para reforçarem a operação chinesa.”

O Costa Pacifica, que terá saídas do Rio, tem roteiros a partir de 2.709 reais por pessoa, na semana de Natal, em viagem de sete noites, passando por Ilhabela (SP), Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).

Com a MSC, não é diferente. A armadora investiu 200 milhões de euros na modernização e ampliação de quatro de seus navios. Seguirão para Cuba, Europa, Sul da África e China. Aqui, a empresa terá duas embarcações, mais uma com roteiros que partem de Buenos Aires e vêm à costa brasileira.

No Brasil, a CVC oferece opções como minicruzeiro de quatro noites, a bordo do Costa Mediterranea, com saída de Santos, a partir de 1.309 reais, mais taxas. Outra aposta do mercado brasileiro são os cruzeiros internacionais. A operadora tem pacotes com passagem aérea saindo do Rio para roteiros partindo de Miami (EUA) rumo a três destinos no Caribe, desde 2.856 reais por pessoa. A MSC também tem roteiros com aéreo para Cuba, por exemplo, a partir de 3.929 reais. (AG)

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