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Não convide Dilma Rousseff e Eduardo Cunha para um mesmo jantar

Presidenta da República e presidente da Câmara dos Deputados travam uma queda de braço desde o início do ano inflamada, agora, pelo processo de impeachment. (Crédito: Reprodução)

A relação da presidenta Dilma Rousseff com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nunca foi harmoniosa. Tanto que, na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto renegou apoio a Cunha, e o PT lançou seu próprio candidato, Arlindo Chinaglia (SP), mesmo com chance de derrota. E ela veio pior do que se esperava, no primeiro turno, quando o peemedebista levou 267 votos contra 136 do petista. A partir daí, nada foi como antes para o governo.

Dilma e Cunha passaram a travar uma queda de braço. O que era ruim ficou ainda pior com o surgimento do nome do peemedebista nas investigações da Operação Lava-Jato, ainda no início do ano. O parlamentar não engoliu a investigação e acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir com a anuência do Planalto.

Não adiantaram os apelos governistas. Cunha colocou em pauta projetos que geravam descontentamento no governo, entre eles a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Fez manobras, como na votação de pontos da reforma política, que desagradavam ao PT. Quando foi acusado de cobrar propina de 5 milhões de dólares para viabilizar contratos com a Petrobras, a relação entre o presidente da Câmara e o Planalto ficou mais delicada. Ele convocou a imprensa e anunciou o rompimento com o governo.

“Pautas-bomba.”

A vingança veio em forma de “pautas-bomba”, composta por projetos que, entre outros pontos, criavam gastos extras para um governo que já vinha enfrentando dificuldades na área econômica e um ajuste fiscal. Faziam parte desse pacote a proposta que vinculava os salários de integrantes da Advocacia-Geral da União, delegados civis e delegados federais à remuneração de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e a derrubada dos vetos de Dilma que freavam gastos, como o reajuste dos servidores da Justiça Federal.

Além disso, Cunha autorizou a criação das CPIs (comissões parlamentares de inquérito) do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e dos Fundos de Pensão e articulou para deixar o PT fora do comando das comissões. Sem levar desaforo para casa, Cunha já respondeu publicamente à presidenta Dilma, quando não gostou de uma afirmação que ela fizera durante uma viagem à Suécia. Na ocasião, ao ser perguntada sobre as informações de que o peemedebista tinha conta na Suíça, a mandatária disse que lamentava que as denúncias envolvessem um brasileiro. O parlamentar retrucou e afirmou que lamentava que o governo brasileiro estivesse envolvido em um escândalo de corrupção.

Julgamento no Conselho de Ética atrelado ao pedido de impeachment.

Em paralelo aos escândalos que enfrentava e ao pedido no Conselho de Ética na Câmara para sua cassação, Cunha analisava, um a um, os pedidos de impeachment de Dilma que chegavam à sua mesa. Rejeitou 27 deles. No 28, disse que tomou uma decisão de “natureza técnica” ao aceitar o documento que se baseia nas pedaladas fiscais, que, segundo o Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), se repetiram em 2015. (AG)

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