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“Não lembro desse cara”, diz Bolsonaro sobre um vizinho suspeito de matar Marielle

De acordo com o comunicado, além de avisar a Polícia Federal, a Receita abriu um processo administrativo para apurar a responsabilidade funcional dos envolvidos. (Foto: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (13) não se lembrar do policial reformado Ronnie Lessa, preso na terça-feira (12) sob suspeita de matar a vereadora Marielle Franco. Lessa tem uma casa na mesma rua da casa de Bolsonaro em um condomínio fechado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“Não lembro dessa cara. Meu condomínio tem 150 casas”, afirmou. Bolsonaro afirmou que há outras pessoas que já foram presas em seu condomínio, incluindo uma mulher por tráfico internacional de droga. “O que tenho a ver com ele?”, questionou Bolsonaro sobre o suspeito do caso Marielle. “Não tem vida social no meu condomínio”, disse o presidente.

Ele, contudo, não negou que tenha vindo a conhecer o suspeito, denunciado na véspera por duplo homicídio, de Marielle e do motorista Anderson Gomes, e tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que acompanhava as demais vítimas no carro em que foram mortos e sobreviveu.

Segundo Bolsonaro, seu filho mais novo, Jair Renan, 20, não confirmou se namorou uma filha de Lessa. “Meu filho Jair Renan disse naquele linguajar: ‘papai, namorei todo mundo no condomínio, não lembro dessa menina”. Na véspera, a polícia havia confirmado que um filho do presidente namorara uma filha do suspeito, mas afirmou que não havia indício de que isso tivesse nenhuma ligação com o crime.

Bolsonaro foi questionado sobre sua posição em relação às milícias que controlam favelas e outras áreas do Rio. “Lá atrás, o povo batia palma”, disse. Ele, no entanto, reconheceu que esses grupos, ao longo dos anos, passaram a prejudicar a população.

O presidente voltou a comparar o assassinato de Marielle ao atentado à faca que ele sofreu em setembro, durante a campanha eleitoral. Para o presidente, há muito mais “indícios” no caso dele de que tudo foi premeditado. Bolsonaro declarou ter “convicção” de que o autor do ataque, Adélio Bispo, não agiu sozinho. “Tenho convicção de que não foi da cabeça dele”, disse.

O presidente chegou a falar que teve dificuldade em achar seu colete a prova de balas no dia do ataque, mas depois minimizou a declaração, afirmando apenas que não havia usado o equipamento. “Saí sem o colete e não me preocupei”, disse. Ronnei Lessa é acusado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de ter efetuado 13 tiros contra o carro de Marielle, em março de 2018.

O cerco a ele se afunilou em torno de Lessa há três meses, a partir de uma denúncia que o identificou como o assassino de Marielle e que informou que o carro utilizado pelos suspeitos havia saído do Quebra Mar, região na Barra da Tijuca, dica confirmada posteriormente com imagens.

Uma tatuagem no braço dele também ajudou a ligá-lo com o crime, já que imagens do dia do crime mostram mancha compatível no braço direito do atirador, que estava com a manga dobrada, segundo a promotora Elise Fraga.

O vizinho dos Bolsonaros guardava “um verdadeiro arsenal, o que só demonstra que ele não é uma pessoa voltada à paz, uma pessoa que tem personalidade violenta”, disse a promotora Sibílio em entrevista a jornalistas. A polícia também encontrou em uma casa no Méier, de Alexandre Motta, que seria amigo de infância de Lessa, material o suficiente para montar 117 fuzis, além de três silenciadores e 500 munições.

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