Vice do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão afirmou que a comunicação da equipe do futuro governo é ruim e criticou os que tratam a imprensa como inimiga. “A comunicação nossa é ruim, né? Ruim é até um elogio”, disse durante conversa com jornalistas na quarta-feira (31) no Clube Militar, no Rio de Janeiro.
Conhecido por dar declarações controversas que deixaram Bolsonaro em saia-justa durante a campanha, Mourão se propõe a ajudar para a melhora do cenário. “Eu vou arrumar alguém que faça uma comunicação decente, nós temos que arrumar alguém. Já falei várias vezes”, afirmou. “Em primeiro lugar, não se pode tratar a imprensa como inimiga em hipótese alguma.”
Ele defendeu que o futuro governo encontre uma pessoa capaz de ter empatia, conhecimento e que “saiba transmitir aquilo que o governo quer transmitir”. Ao longo da campanha, as declarações de Mourão levaram o presidente eleito a pedir que ele deixasse de falar. Um dos episódios mais emblemáticos foram as críticas ao 13º salário, ainda antes da disputa do primeiro turno.
Em evento com empresários no Rio Grande do Sul, o general chamou o benefício de “jabuticaba”. Além de desmentir, Bolsonaro acabou anunciando que pagaria 13º para beneficiários do programa Bolsa Família, para compensar a fala desastrosa do vice. ”Eu dava aquelas minhas opiniões heterodoxas porque eu falo o que eu tenho que falar”, declarou o general.
Ao contrário do futuro presidente, que disse que anunciará seus ministros por meio das redes sociais, Mourão afirmou ser “analógico”. Ele não tem conta no Twitter, por exemplo, ferramenta usada exaustivamente por Bolsonaro para fazer anúncios, críticas e promessas.
Embora diga que a ideia de enxugar a estrutura da Esplanada dos Ministérios, prometida por aliados de Bolsonaro, não possa ser “de terra arrasada”, Mourão disse que acredita ser possível cortar pela metade o número de cargos aos quais terá direito como vice.
Para ele, o modelo adotado na gestão pública está errado, como o fato de o presidente da República ganhar R$ 27.841,33 mensais e ter o restante das despesas pagas pelo Estado. “O salário do presidente, para mim, é uma palhaçada. Quanto ganha o melhor executivo por aí? Ganha R$ 100 mil por mês? O presidente deveria ganhar R$ 100 mil por mês. Agora, banca tudo. O que acontece hoje é que ele não paga nada. Você vai ter que ir no mercado, fazer as compras da sua casa”, defendeu.
Mourão negou que militares devam ocupar os comandos das estatais. “Não, não, não. Tira os militares daí, tira essas castanhas do fogo. Quem vai assumir as estatais, aquelas que ficarem, são quadros técnicos, o pessoal de mercado, gente competente e conhecedora do assunto.”
O vice falou ainda sobre a importância da formação dos ministérios, que já está sendo discutida pelo núcleo-duro de Bolsonaro. Ele defende que as fusões têm de ser muito bem pensadas para não se tornarem um “Frankenstein”. Embora ainda não esteja fechada a estrutura da Esplanada dos Ministérios, o esboço reduz de 29 para pelo menos 15 pastas.
