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O navio grego suspeito pelo desastre no Nordeste carregou 1 milhão de barris de petróleo na Venezuela

Proprietária do Bouboulina declarou não existir evidências de que navio grego tenha relação com petróleo cru encontrado em ao menos 385 localidades do Nordeste. (Foto: Divulgação/Delta Tankers)

O petroleiro grego suspeito de derramar o óleo que causa o maior desastre ambiental nas praias do Nordeste se chama Bouboulina. Ele carregou 1 milhão de barris do petróleo tipo Merey 16 cru no Porto de José, na Venezuela, no dia 15 de julho. Zarpou no dia 18 com destino à Malásia.

As informações sobre o navio, sua carga e trajetória foram divulgadas pela agência de geointeligência Kpler, com base nos dados da Operação Mácula, desencadeada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta sexta-feira (1º).

A embarcação Bouboulina teria passado a oeste da Paraíba em 28 de julho, segundo um porta-voz da Kpler, empresa de análise de dados especializada no mercado de commodities. As primeiras manchas de óleo apareceram em praias de Conde (PB) em 30 de agosto.

O navio Bouboulina e a empresa grega dona da embarcação foram citados na decisão judicial que autorizou o pedido de busca e apreensão em endereços no Rio de Janeiro. De acordo com os investigadores, 2,5 mil toneladas de óleo foram derramadas no oceano.

“Nós temos a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. O que nos falta são as circunstâncias desse crime, se é doloso, se é culposo, se foi um descarte ou vazamento”, disse Agostinho Cascardo, delegado da Polícia Federal no Rio Grande do Norte.

A proprietária do navio é a Delta Tankers, fundada em 2006, mesmo ano de fabricação do navio Boubolina. As investigações do governo brasileiro apontam que a Polícia Federal detectou pela 1ª vez uma mancha no oceano no dia 29 de julho, a 733 km da costa da Paraíba, com direção ao Brasil.

Rota do navio

O petroleiro é do tipo Suezmax, que tem capacidade de carregar 1,1 milhão de barris. Depois de sair do Porto de José, em 18 de julho, o petroleiro Bouboulina chegou à Cidade do Cabo, na costa da África do Sul, em 9 de agosto. Ele navegou pela costa por menos de um dia, depois continuou a jornada em direção ao estreito de Malaca, na Malásia.

Em setembro, chegou à costa da Malásia. Durante todo este trajeto, o petroleiro estava com “AIS (Automatic Identification System)” ligado. De acordo com o delegado Agostinho Cascardo, a Marinha do Brasil apurou que, em abril, o navio grego ficou retido nos Estados Unidos durante 4 dias por causa de problemas no filtro de descarte da embarcação.

Nome Bouboulina

Laskarina “Bouboulina” Pinotsis foi uma marinheira grega que comandou diversos navios durante a guerra da independência da Grécia, no século 19. Bouboulina é considerada uma heroína de guerra e participou ativamente do movimento pela independência do país, levando secretamente carregamentos de munições e armamentos para os soldados, usando seus próprios recursos.

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