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Nepal: após protestos, premiê interina assume como primeira mulher a comandar o país

Nome era exigência de manifestantes, que atearam fogo a prédios públicos e casas de membros do governo. (Foto: Reprodução)

A ex-presidente da Suprema Corte do Nepal, Sushila Karki, foi escolhida como premiê interina do país, anunciou o gabinete da presidência nepalesa. Sua indicação ocorre após uma onda histórica de protestos violentos contra o governo, em que jovens atearam fogo a edifícios do governo e casas de ministros.

O nome da magistrada, a primeira mulher a governar o país, era uma exigência dos manifestantes que foram às ruas da capital, Katmandu, protestar contra um bloqueio de redes sociais em uma série de atos cada vez mais violentos.

Novas eleições foram convocadas para o dia 5 de março de 2026. A decisão, bem como a escolha de Karki como primeira-ministra interina, veio depois de negociações entre líderes dos manifestantes e o comandante das Forças Armadas do Nepal, Ashok Raj Sigdel. O Exército do país retomou controle das ruas da capital na quarta (10), encerrando uma onda de violência que deixou 49 manifestantes e três policiais mortos e mais de 1.300 pessoas feridas.

Os protestos no Nepal começaram no início desta semana. Confrontos entre a polícia a manifestantes na capital, Catmandu, no primeiro dia de protestos, na segunda, expandiram a magnitude do movimento —a partir de terça, a população ateou fogo na sede do governo, no Parlamento, na Suprema Corte e em casas de ministros.

O estopim para as manifestações foi o bloqueio de redes sociais, como Facebook, Instagram, YouTube e X, pelo governo. Os protestos históricos são liderados pela Geração Z.

Segundo a TV estatal nepalesa, as manifestações são contra um bloqueio das redes sociais, como Facebook e Instagram, imposto na semana passada e por acusações de corrupção contra o governo. O slogan dos protestos: “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais”.

O governo justificou o bloqueio dizendo que as plataformas não colaboraram com a Justiça do país para combater usuários que, usando identidades falsas, estavam espalhando discurso de ódio e notícias falsas, cometendo fraudes e outros crimes.

Casa invadida

Os manifestantes chegaram a registrar em vídeo a invasão à casa de uma das autoridades do Nepal que foram vítimas de violência durante os protestos.

As imagens, gravadas com celular, mostram vários jovens vandalizando a residência da ministra das Relações Exteriores do país, Arzu Rana Deuba, e a atacando com ofensas e agressões.

Depois, o vídeo mostra o marido dela, Sher Bahadar Deuba, que é ex-primeiro ministro do Nepal, sendo carregado, com a camisa rasgada e o rosto ensanguentado.

A casa de outras autoridades também foi alvo nesta terça, como a do primeiro-ministro que renunciou, KP Sharma Oli, e outros antigos premiês

De acordo com o jornal “The New York Times”, os manifestantes colocaram fogo na casa de Jhala Nath Khanal com sua mulher, Ravi Laxmi Chitrakar, lá dentro. Ela teria sofrido queimaduras graves.

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