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Nicolás Maduro pediu um encontro “cara a cara” com Donald Trump

"Somos gente com quem se pode falar e negociar", disse o ditador em entrevista. (Foto: Reprodução)

Em meio ao aumento da pressão internacional contra seu governo, o ditador venezuelano Nicolás Maduro disse na noite da quinta-feira (17) que gostaria de ter “um diálogo franco, direto, cara a cara” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A mensagem do venezuelano para um de seus principais adversários na região foi dada em uma entrevista ao canal Univisión, voltado para o público latino nos EUA.

“Sei que somos pessoas muito diferentes, presidente Trump. Somos de países diferentes, mas estamos no mesmo hemisfério (…) e, cedo ou tarde, seremos obrigados a falar, a nos entender”, disse Maduro, que concedeu a entrevista da Venezuela.

“Tomara que aconteça a oportunidade de um diálogo franco, direto, cara a cara, para que você veja que não é o que dizem a você nos informes, que nós somos de verdade e somos gente com quem se pode falar e negociar, entender e concordar. Essa seria a mensagem que eu gostaria de transmitir ao presidente Donald Trump”, acrescentou ele.

Maduro por diversas vezes já acusou Trump e os Estados Unidos de tentarem desestabilizar seu governo e de serem, ao lado da Colômbia, os principais culpados pela crise que assola a Venezuela.

Na quinta, porém, ele adotou um tom mais ameno e criticou mais duramente o antecessor de Trump, o democrata Barack Obama.

“Tenho uma visão de que você herdou erros das administrações anteriores, incluindo o governo Obama, erros na política externa para a América Latina, e que há uma ideologização da política externa americana contra a Venezuela”, disse Maduro.

“Podemos falar de todos esses temas”, continuou, fazendo um convite para que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que vá à Caracas.

A Venezuela convive atualmente com um desabastecimento generalizado, sofre com falta de segurança e tem uma inflação que pode ultrapassar 10.000.000% até o final do ano, segundo previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional). A crise já fez cerca de 3,3 milhões de pessoas emigrarem do país, de acordo com dados da ONU.

Em meio a este cenário, Maduro foi reeleito em maio para mais seis anos no comando do país, em uma eleição boicotada pela oposição e marcada por denúncias de fraudes.

A ditador tomou posse na semana passada para iniciar o novo mandato, que não foi reconhecido pela oposição interna, pelo governo dos EUA, pela União Europeia e pelo Grupo de Lima (bloco que reúne 14 países do continente americano, entre eles o Brasil).

Na terça (15) a Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, declarou que o ditador usurpou a Presidência e deu início a um governo de transição. O presidente da Casa, Juan Guaidó, tinha se declarado no dia 11 como presidente interino do país no lugar de Maduro.

As declarações, porém, tem pouco efeito prático interno, já que a Assembleia teve a maior parte de seus poderes retirados em 2017 e repassados para a Constituinte, formada apenas por grupos leais ao ditador.

A Casa e Guaidó, porém, têm recebido manifestações de suporte da comunidade internacional, inclusive dos EUA. Nos últimos dias, em diferentes oportunidades, Washington deu seu apoio à Assembleia Nacional, e o vice-presidente Mike Pence afirmou que ela é o “único corpo democrático legítimo” na Venezuela.

 

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