Suspeito de ser o dono das malas recheadas com mais de R$ 51 milhões apreendidas pela PF (Polícia Federal) em Salvador nessa terça-feira (5), o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB) participou de protestos contra a corrupção quando fazia oposição à ex-presidente Dilma. Em 16 de agosto de 2015, Geddel foi um dos 5 mil manifestantes que se concentraram na região do Farol da Barra, na capital baiana, para pedir a saída da petista.
“Chega, ninguém aguenta mais tanto roubo. Isso já deixou de ser corrupção. É roubo, assalto aos cofres públicos para enriquecer os petistas”, disse um exaltado Geddel em entrevista a uma TV. Na ocasião, ele disse que o país não suportava mais um governo tão incompetente. O peemedebista foi vice-presidente da Caixa no primeiro governo Dilma e ministro da Integração Nacional na gestão Lula.
A Polícia Federal localizou um “bunker” com oito malas e cinco caixas recheadas de dinheiro em um apartamento em Salvador atribuído ao ex-ministro da Secretaria de Governo. A ação faz parte da Operação Tesouro Perdido, desdobramento da Cui Bono. Ao todo foram contabilizados R$ 51 milhões – R$ 42.643,5 e outros US$ 2.688. Essa é a maior apreensão em dinheiro vivo na história do País. A descoberta complica a situação de Geddel, que está em prisão domiciliar na Bahia, acusado de obstrução da Justiça.
O ex-ministro, que virou réu em 22 de agosto, foi denunciado por tentar atrapalhar as investigações sobre o desvios no FI-FGTS, o fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no período em que foi vice-presidente da Caixa. Segundo a acusação, ele tentou impedir o doleiro Lúcio Funaro de fazer delação premiada. Em 3 de julho, o ex-ministro chegou a passar dez dias no Complexo Penitenciário da Papuda, antes de ter a prisão domiciliar autorizada.
De acordo com nota do Ministério Público Federal, o objetivo de Geddel era evitar que Funaro e o ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) firmassem acordo de delação premiada. O ex-ministro é acusado de oferecer vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.
Outra operação, a Sépsis, também lançou suspeitas sobre Geddel, relativas ao pagamento de propinas para conseguir créditos no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, administrado pela Caixa Econômica Federal. Atualmente, Geddel é réu em processo de obstrução de Justiça.
Operação “Cui Bono?”
Em janeiro de 2017, Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Geddel em Salvador. Ele foi alvo da operação “Cui Bono?” (a quem beneficia?). O ex-ministro é suspeito de facilitar o crédito na Caixa Econômica para empresas em troca de pagamento de propina.
Demissão de Ministério
Em novembro de 2016, Geddel pediu demissão da Secretaria de Governo de Michel Temer após ser acusado pelo então ministro da cultura Marcelo Calero de tráfico de influência. Segundo Calero, Geddel o pressionou para liberar as obras de um prédio em que o peemedebista tinha um apartamento e que foram embargadas pelo Iphan em área tombada de Salvador.