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“Ninguém deve favor quando chega a esse cargo”, diz ministro do Supremo sobre a nova procuradora-geral da República

Segundo Barroso, o combate à corrupção "é uma premissa" para o cargo. (Foto: Divulgação)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou nesta segunda-feira (18) não acreditar que a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, irá frear as investigações da Operação Lava-Jato, mesmo tendo sido indicada pelo presidente Michel Temer.

Na saída da cerimônia de posse da nova chefe do MPF (Ministério Público Federal), ele ressaltou que ninguém que chega a essa posição deve favor a quem lhe indicou, já que não vive “para prestar favores”. Ela assume oposto no momento em que o presidente foi denunciado por obstrução da Justiça e organização criminosa.

“A doutora Raquel Dodge tem uma história de vida e as pessoas quando chegam nessas posições vivem para a sua própria biografia, não para prestar favores. Quem é alçado a um cargo desses, claro que pode ter reconhecimento pela autoridade que nomeou, mas o compromisso é com o país e não com essa autoridade”, disse.

O ministro, que citou diálogo da obra “Guerra e Paz” do escrito russo Leon Tolstói, afirmou esperar que ela dê prosseguimento à tradição no Ministério Público Federal de “seriedade e independência”. “Como é dito no livro, não importa como você chegou, o que importa é o que você vai fazer daqui para frente”, afirmou. Segundo ele, o combate à corrupção “é uma premissa” para o cargo. “Combater a corrupção não deveria ser um fim em si, porque a integridade é uma premissa para que as outras áreas funcionem”, destacou.

A expectativa de que a nova procuradora-geral não interrompa a Operação Lava-Jato também foi reproduzida por aliados e auxiliares do presidente. Ao todo, quatro ministros compareceram à cerimônia de posse: Grace Mendonça (AGU), Henrique Meirelles (Fazenda), Antônio Imbassahy (Governo) e Helder Barbalho (Integração). Os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), denunciados por suposto envolvimento no “quadrilhão do PMDB”, não estiveram presentes.

“Tanto na fala da procuradora-geral como na do presidente foi ressaltada a importância das instituições. Os trabalhos, então, seguem com toda seriedade e sobriedade próprias da PGR. De forma alguma [haverá paralisação]”, disse Grace Mendonça.

Para o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB-CE), a procuradora-geral será “dura, mas democrática” e a sua posse “inicia um novo momento do País”. “Ela disse aquilo que todos nós esperávamos: que ninguém esteja acima da lei e que ninguém esteja abaixo da lei. Nem o presidente da República nem ninguém. Ela será dura, mas democrática”, ressaltou.

Primeira mulher a assumir o comando do Ministério Público, Raquel chefiará a PGR pelos próximos dois anos. Desde 1987 no Ministério Público Federal, ela foi indicada para o comando da PGR por Michel Temer, em junho. Raquel ficou em segundo lugar na eleição da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), atrás de Nicolao Dino, candidato apoiado por Janot. A indicada por Temer foi aprovada pelo Senado em julho.

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