Ícone do site Jornal O Sul

No Chile, Bolsonaro assina declaração conjunta com o presidente do país e rejeita intervenção militar na Venezuela

Os presidentes Jair Bolsonaro e Sebastián Piñera. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Os presidentes Jair Bolsonaro e Sebastián Piñera, do Chile, assinaram neste sábado (23) uma declaração conjunta na qual rejeitam enfaticamente uma intervenção militar na Venezuela. Os dois reafirmaram o compromisso “de contribuir para restaurar a democracia” no país, cujo presidente, Nicolás Maduro, não é reconhecido por 50 países, entre eles o Brasil, os Estados Unidos e quase todos os da América do Sul. As informações são do jornal O Globo.

Sábado foi o terceiro e último dia da viagem oficial de Bolsonaro ao Chile, a primeira nação da região visitada pelo presidente. No documento conjunto, os dois afirmaram que, para a restauração da democracia venezuelana, é necessária a realização de eleições presidenciais “livres e justas”, conforme os padrões internacionais e sob observação internacional independente.

Ambos os chefes de Estado exigiram, ainda, a “libertação de todos os presos políticos e o fim da sistemática violação dos direitos humanos naquele país”. No mês passado, a ONG Foro Penal Venezuelano (Provea) indicou que havia 966 presos políticos no país.

Os dois presidentes, que conversaram durante mais de uma hora no Palácio de La Moneda, reiteraram seu respaldo ao Grupo de Lima – formado em 2017 por 14 países do continente para acompanhar a situação na Venezuela – e pediram que continue trabalhando “pela busca de uma saída democrática e pacífica para a crise venezuelana, rejeitando energicamente qualquer ação que implique o uso da violência, sobretudo a opção de intervenção militar”.

Declarações ambíguas

Na semana passada, Bolsonaro e seu filho Eduardo, que é deputado federal (PSL-SP) e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deram declarações ambíguas sobre a possibilidade de o Brasil participar de uma eventual ação militar contra Maduro. Em visita aos EUA, ao lado do presidente Donald Trump na Casa Branca, Bolsonaro não quis responder, alegando “questões estratégicas”, a uma pergunta sobre se o Brasil poderia apoiar uma intervenção.

Já de volta ao Brasil, Eduardo disse no dia seguinte ao jornal O Globo que, “se houver bons fundamentos, todas as opções estão sobre a mesa”, repetindo o discurso de Trump. Logo em seguida, perguntado se as opções incluíam força militar, foi evasivo e afirmou que não dissera nada nesse sentido.

No Chile, o deputado voltou a afirmar, em entrevista ao jornal La Tercera, que “será necessário o uso da força” contra Maduro, alegando que o venezuelano não sairia do poder pacificamente. E voltou repetir que “todas as opções estão sobre a mesa”. Diante da repercussão, mais tarde minimizou ao jornal O Globo as declarações, afirmando que a frase era de Trump, não dele, e que uma intervenção militar não é uma “hipótese relevante” para o Brasil. No mesmo dia, o próprio presidente Bolsonaro descartou, em Santiago, a participação do Brasil numa ação desse tipo, dizendo que “da nossa parte, não existe essa possibilidade”.

Piñera e Bolsonaro também disseram neste sábado acompanhar “com prudente otimismo a retomada de diálogo nacional amplo, plausível, transparente e representativo entre o governo da Nicarágua e a sociedade civil reunida na Aliança Cívica pela Justiça e Democracia”. Os dois instaram “o governo da Nicarágua a permitir que os mecanismos internacionais de direitos humanos retornem ao país, incluindo os da OEA e das Nações Unidas, e a fornecer as garantias necessárias para o cumprimento in situ de seus respectivos mandatos, de forma independente”.

Satisfeito com o Prosul

Em seu discurso, o presidente brasileiro reiterou que conversou sobre a crise venezuelana com Trump em sua viagem aos EUA. “Ele (Trump) está preocupado com todos nós, não só com Brasil e Venezuela.”

Bolsonaro assegurou que a região vive um “descolamento da questão ideológica” e mostrou-se satisfeito com a criação do Prosul, o novo organismo criado na véspera em uma cúpula presidencial em Santiago, que contou com a participação de sete presidentes da região e excluiu Maduro. À tarde, o presidente embarcou de volta ao Brasil, após almoço com Piñera.

Sair da versão mobile