A farmacêutica Merck (conhecida no Brasil como MSD) pediu à agência regulatória americana FDA que autorizasse o uso de emergência de seu comprimido contra a covid-19, o molnupiravir.
O pedido é para o tratamento de covid leve a moderada em adultos que estão em risco de progredir para um quadro grave e/ou de hospitalização.
Se a autorização for concedida – o que pode levar algumas semanas –, o remédio será o primeiro em formato de comprimido para tratar a doença. Todos os outros tratamentos autorizados pela FDA requerem uma injeção intravenosa.
No dia 1º de outubro, a Merck havia anunciado que seu medicamento reduziu as hospitalizações e mortes em pessoas no início da infecção com o coronavírus.
A FDA ainda vai examinar os dados da empresa sobre a segurança e eficácia do medicamento, molnupiravir, antes de tomar uma decisão.
Três medicamentos de anticorpos autorizados pela agência provaram ser altamente eficazes na redução de mortes por covid-19, mas são caros, difíceis de produzir e requerem equipamentos especializados e profissionais de saúde para serem aplicados.
Desde o início da pandemia, especialistas enfatizam a necessidade de um tratamento em comprimido. O objetivo é ter algo semelhante ao oseltamivir, remédio contra gripe usado há 20 anos que reduz a doença em um ou dois dias e atenua a gravidade de sintomas como febre, tosse e nariz entupido.
Estudos
O medicamento oral molnupiravir vai começar a ser testado em fase 3 no Brasil. A substância tem por objetivo atuar para que o vírus não se multiplique no corpo, evitando o agravamento dos quadros de pessoas infectadas.
A avaliação de uso do molnupiravir se dará por meio de profilaxia pós-exposição (PEP), ou seja, quando indivíduos estão expostos ao vírus porque moram com alguém infectado comprovadamente, por exemplo, e tenham algum sintoma de covid-19. Os testes vão ocorrer de modo duplo-cego, isto é, sem que o pesquisador e o paciente saibam se receberam o medicamento ou placebo.
Por se tratar de um estudo multicêntrico, ou seja, em diversas instituições do País, a fim de ter uma abrangência representativa da população, a pesquisa será feita em centros de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, com os dois últimos sob responsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os estudos para saber a eficiência do medicamento vão durar seis meses.
Coquetel da AstraZeneca
Também no começo desta semana, a farmacêutica AstraZeneca anunciou que seu coquetel de medicamentos experimentais contra a covid-19 se mostrou eficaz na redução de casos graves e mortes em pacientes não hospitalizados.
Os resultados ainda não foram avaliados por outros cientistas nem publicados em revista científica.
O medicamento, chamado AZD7442, reduziu em 50% o risco de desenvolver a forma grave da doença e de morte em pacientes sintomáticos, afirmou a farmacêutica. O estudo acompanhou cerca de 900 pessoas.